“Farol das Orcas “é um filme instigante e ao mesmo tempo emocionante. Lançado em 2016, surpreende, com um cenário fascinante compreendido entre o mar, os pássaros, as orcas - suas peculiaridades, e a forma de amar do biólogo, uma lição para quem assiste. A forma como lida com o cavalo, as lontras, a criança e o contato emocional com as orcas desperta em direção ao senso humanitário.
O conhecimento, intimidade, sensibilidade e a sabedoria em lidar com o tempo relativo ao universo das orcas, considero um estímulo para reflexões para os dias atuais, onde observamos uma pressa constante, ausência de sensibilidade, um insistente mimetismo, falta de curiosidade e automatismo.
O filme trata-se de uma mãe desesperada que busca uma solução para o TEA (Transtorno de Espectro Autista) de seu filho. Em Madri, ela assiste pela televisão um documentário sobre o relacionamento entre o biólogo Beto e as orcas, e fica impressionada. Ao mesmo tempo observa que seu filho tem uma reação atípica e surpreendentemente, “acorda “despertando para fora do seu “mundinho”. Ela abandona tudo, toma seu filho em suas mãos e voam para Argentina, na Patagônia, na esperança de que o guarda florestal e biólogo, mais o grupo de orcas selvagens, possam ajudá-lo a encontrar um fio condutor entre o isolamento, regressão, total desinteresse e retraimento ao universo das conexões emocionais.
Ela não tem dúvidas de que encontrará ajuda e embarca em direção a esse estímulo. Os sintomas e sinais de autismo são muito variados e nem sempre são fáceis de serem percebidos. Estão relacionados principalmente à dificuldade de comunicação e socialização, dificuldade para expressar ideias e sentimentos, aborrecimento com mudanças na rotina, comportamentos repetitivos, maior interesse em objetos do que pessoas, maior sensibilidade a sons, luzes, cheiros ou contato, muitas vezes, não atendem ao serem chamados pelo nome, elegem seus brinquedos de forma inusitada, etc.
O filme chama atenção pela beleza estética. Muitas vezes, mergulhados em um universo de excessos, tornamos cegos, mudos e surdos em direção ao que é essencial para uma vida saudável. Em trânsito muitas vezes, deixamos de observar o que realmente é necessário para estimular as capacidades criativas de um ente querido e familiar. É possível que para se chegar em algum ponto almejado, seria necessário regredir a alguns passos. Saber esperar a hora do outro, entender que cada um tem o seu tempo de ir e vir é fundamental. Assistam, irão passar algum tempo de sua vida apreciando a beleza que é a natureza e as diferentes formas de acolher e tolerar as diversidades.