Todas as sextas-feiras, vamos ao Cupim do amigo Carlos. Local que gostamos muito pela atenção especial dos amigos garçons e pelo delicioso cupim com mandioca frita. Os amigos: Zé Roberto, Michel, Américo, Toninho, Carlão, Diorla, Ricardo, Decinho, Alcides (volta pro Gabinete), Duca, Cesar Simão, João Medeiros, Gabriel, Antero e Valmir são os frequentadores assíduos.
Toda sexta feira, discutem a ausência do meu primo Célio, o Goiano. Explico: Célio resolveu morar na Riviera de São Lourenço e o motivo pode ser o mais nobre, menos para esses amigos que estão fazendo de tudo para trazer o Célio de volta para nossa amada aldeia. Pô Magrão, me diz o Zé, a gente não sai mais. O Célio é a locomotiva social que puxa a gente. Você vê que quando ele está aqui, a gente sai do Cupim de madrugada e ninguém sabe como a gente consegue chegar em casa. Michel, você que é especialista no Goiano, o que achas? Tem chance de ele voltar ou não? Michel fica sem respostas deixando todos apreensivos.
Já chega o Tiago, o Centauro, que também se mandou para morar na Barra do Una e agora o Célio. Pô, esses dois depois de véio viraram hippie em pleno século 21. O Zé é o mais inconformado. Olham para mim me cobrando respostas: Oh Magrão, tu és especialista no Tiago, ele também não volta mais? Meu rosto se transforma em um sinal de um ponto de interrogação. O mundo está desmoronando mesmo. E levantam teorias e mais teorias.
Quando o Célio chega à nossa amada aldeia, a vida social se transforma da água pro vinho, ou melhor dizendo, da água para copos cheios de Whisky e cerveja e a vida passa a não ter realidade. A vida se transforma em belos acordes de um samba de Paulinho da Viola. O grupo se enche de coragem criando uma ONU prudentina, onde são discutidos e resolvidos os temas variados e complexos da geopolítica e da insuportável terceira idade. Não podiam faltar as discussões apaixonadas sobre o futebol. Célio é santista fanático e o meu Todo Poderoso está caminhando no fio da navalha no Campeonato Brasileiro.
A guerra da Ucrânia acaba em cada gole de Whisky e o conflito entre a Palestina e Israel? Eles conseguem achar um jeito para a tão sonhada paz. O Trump já ganhou as eleições nos Estados Unidos. O Bolsonaro se tornou elegível e o Maduro foi preso. Viva a democracia. Assim eles vão resolvendo os graves problemas mundiais sob a batuta do secretário geral da ONU prudentina, o primo Célio, o Goiano. O que faz o alto teor etílico nos corações e mentes desses meus nobres amigos?
As mulheres se preparam para uma maratona social porque o Célio chegou. Alguns entram até em academia se preparando para essa prova olímpica social. Vão enfrentar um tsunami etílico. Quando Célio não está na nossa amada aldeia, eles chegam cedo nas suas casas e a sensação de viver é como beber o guaraná "Filho das Selvas" quente e sem gás. Uma chatice. Quando o Célio chega, o tempo não existe e vivem como se não houvesse amanhã. Sabem que nenhum ser humano pode vencer o tempo. Gente, sábado tem Tacchino Restaurante. Não cheguem atrasados, diz Célio, a locomotiva social. Até o Demetrio veio de São Paulo para entrar com tudo nessa vida louca. E olha que ele não é de beber, mas por incrível que pareça, acaba virando um alcoólatra nesses dias loucos.
Vou exemplificar o que acontece: O Zé Roberto chegou na casa dele na madrugada de sábado, saindo do Cupim. Os garçons e o Carlos, proprietário do Cupim, já ficam sabendo que o Célio tá na área e já se preparam avisando suas famílias que a noite vai ser uma criança. O Zé para em frente à garagem e aperta o controle do portão e não espera o portão chegar até o final e entra com tudo raspando a capota no portão semiaberto. Entra feliz na sua casa cantando “Jumpin' Jack Flash”, dos Rolling Stones. Nem percebeu a cagada e ainda esqueceu de fechar o portão e foi deitar nos braços de Morfeu, o Deus do sono.
Acordou pra lá de Bagdá e ouviu sem querer ouvir, a conversa da sua mulher com a mãe pelo telefone: Não mãe, o Zé ainda está dormindo. Mas filha, são quase meio-dia nesse sábado ensolarado. Ele costuma ir ao Tênis Clube nadar. O que aconteceu? Ih mãe, é que o Célio chegou. Que Célio? Mãe é uma longa história. Antero também chega na madruga e com a língua pesando duas toneladas, já vai se explicando, enrolando as palavras, mas consegue dizer para sua mulher: O Célio chegou. Vejam vocês.