Cuidar de quem cuida ainda não é prática comum no sistema de saúde brasileiro. Na maioria das vezes, todos os olhares estão voltados para o paciente e pouco se sabe sobre as necessidades por que passa o responsável por aquele que está doente. Há pais que cuidam dos filhos, há filhos que cuidam dos pais, há familiares que cuidam de outros familiares, há amigos que cuidam de familiares de amigos, há vizinhos que cuidam de vizinhos.
Esses são os chamados cuidadores informais, aqueles que cuidam de modo voluntário e não remunerado de alguém com quem mantém um vínculo, seja ou não de parentesco. E, com tantas demandas no dia a dia, esses cuidadores não cuidam de si, entretanto, quem cuida também precisa ser cuidado.
O ato de cuidar costuma causar muito desgaste físico e emocional, pois exige comprometimento, engajamento, dedicação e maturidade frente à pessoa que receberá os cuidados. Um esposo ao cuidar de sua esposa que adoeceu e se tornou dependente, por exemplo, pode gerar desgastes físicos e emocionais a ele, pois além de se dedicar à companheira, precisará substituir as tarefas por ela desempenhadas previamente e reorganizar tarefas de sua responsabilidade e vida pessoal.
Outro ponto importante é o fato de que o familiar que assume o papel de cuidador passa por uma restrição de tempo para atividades pessoais, além de muitas vezes passar por mudanças profundas na dinâmica financeira. Os serviços de saúde deveriam possuir um olhar e uma escuta qualificada para este cuidador que também precisa ser cuidado.
Além disso, os serviços de saúde que realizam atendimentos de pacientes deveriam também oferecer um plano de cuidados para os cuidadores dos pacientes que permanecem horas em salas de espera aguardando os pacientes serem atendidos. Um plano de cuidado para os cuidadores poderia contemplar desde o treinamento de transferências, o manejo com pacientes acamados até mesmo serviços de autocuidado aos cuidadores, com momentos que proporcionassem a eles um tempo de espera de qualidade.
Pensando nisso, o curso de Fisioterapia da Unoeste, por meio do Projeto de Extensão Universitária, intitulado “Avaliação fisioterapêutica física e funcional de indivíduos adultos e idosos”, está atendendo neste semestre cuidadores de pacientes dependentes que são atendidos na clínica escola de Fisioterapia. Os estudantes de graduação realizam avaliações para rastreamento em saúde, orientações sobre a importância da prática de atividade física e dicas para saúde, bem estar e autocuidado. É um momento de troca, onde os estudantes desenvolvem habilidades da prática clínica fisioterapêutica e os cuidadores recebem o cuidado que tanto merecem e precisam. Cuidar é vital e essencial. Para mim, cuidar é um ato de amor.