Para os aficionados pelo UFC (Ultimate Fighting Championship), considerado o maior evento de MMA do mundo, é simplesmente eletrizante ver os incríveis, guerreiros e fortes lutadores dando, literalmente, o seu sangue dentro do octógono. Mas, igualmente emocionante e que chama a atenção durante um “combate de artes marciais” é a vibração dos corners do lado de fora. Além de orientar seus atletas eles os incentivam a superarem seus limites para chegarem a uma vitória por decisão dos juízes, por nocaute ou finalização. Quando eles entram para comemorar com seus guerreiros, é como se a torcida entrasse junto. E seguimos aguardando para ver em breve um time de peso de Presidente Prudente fazer com que apreciadores de lutas sintam essa adrenalina. Hugo Gonçalves, da Inside Hugo Gonçalves - Centro de Treinamento de Artes Marciais e Lutas, um dos treinadores de Ariane Sorriso Carnelossi, fala nesta entrevista, entre vários detalhes, sobre o adiamento da luta da atleta que seria neste sábado. Ainda fazem parte da equipe, o grande Márcio Mendes e Munil Adriano.
Como você recebeu a notícia de que a luta da Ariane seria adiada? Isso é ruim, Hugo?
Ah, estávamos muito ansiosos sim pela estreia, mas isso é coisa que acontece no nosso meio, lesões em atletas são normais. Infelizmente a Taila Santos se lesionou e a luta que seria neste dia 10, em Montevidéu, no Uruguai, precisou ser cancelada, após não encontrarem uma oponente para substituí-la. No final das contas, não vimos como algo ruim, pois a Ariane faria a estreia na categoria de cima e, com o cancelamento, vamos fazer todas as lutas dentro da categoria de origem dela [52kg - peso palha].
Como você vinha com o preparo dela para esta estreia?
A Ariane é nosso exemplo de dedicação e profissionalismo, se meus outros atletas tivessem o compromisso que ela tem com seus treinos, eu estaria no céu. Ela vinha treinando duro, chegaria 100% sem dúvidas para sua estreia. Ela treina três vezes por dia entre preparação física, muay thai, MMA (do inglês: Mixed Martial Arts e/ou em português Artes Marciais Mistas), kickboxing e o jiu-jitsu.
O MMA é a modalidade que mais cresce no Brasil por reunir todos os estilos de artes marciais?
Sim! Na verdade, se destacam aqueles que estão mais preparados. Hoje nossa equipe conta com faixas pretas de todas as modalidades com a qual treinamos. A Ariane, por exemplo, tem duas faixas pretas (Muay Thai e KickBoxing) e faixa marrom de jiu-jitsu [a última antes da preta].
Muita gente gosta de luta, mas muitas também devem ser leigas quanto aos nomes dos golpes. Pode citar alguns nomes para quem desconhece?
Vou citar os mais conhecidos que são: upper ou gancho [seria o soco de baixo pra cima]; “overhand” [cruzado por cima da guarda do adversário]; double leg [derrubar o adversário agarrando as duas pernas]; single leg [agarrando apenas uma das pernas]...
Como você adentrou nesse universo das artes marciais?
Eu sempre treinei visando lutar profissionalmente e possivelmente investir em uma possível carreira de atleta. Mas por alguns motivos comecei a dar aula muito cedo [19 anos], e isso me fez conhecer um lado que ainda desconhecia, a parte de ensinar e auxiliar aqueles que gostam da arte marcial. Hoje, dez anos depois, eu tenho meu próprio centro de treinamento [há seis anos] e consegui colocar uma atleta no UFC que é o maior evento do mundo [primeira atleta do Estado de São Paulo, longe das capitais que foi contratada].
Não se considera muito novo para o papel de professor? Como é seu dia a dia na academia?
[risos] Sou sim novo para ter esse papel de “professor”. Acredito até que seja o treinador mais jovem dentro do UFC [risos], mas tenho muito o que aprender agora nessa nova empreitada. Mas, falando do nosso dia a dia na academia, crio meus atletas como filhos mesmo. Se precisar brigar eu brigo, se precisar puxar a orelha, ai que eu puxo mesmo. Mas uma coisa que eu aprendi com eles é que ‘hoje’ eu faço de tudo pela alegria deles, qualquer coisa para alcançarem os seus objetivos.
Quando percebeu que tinha entrado de cabeça nessa vida de treinador?
Quando percebi que ficava mais feliz com a vitória dos meus alunos, do que com as minhas próprias vitórias dentro das competições. E vê-los conquistando o mundo, não tem dinheiro do mundo que pague. Por manter essa rotina rígida com eles [competidores], muitas vezes os levo para dormir, almoçar, descansar, passar o final de semana em minha casa, pois gosto deles 100% focados na competição que está por vir.