A nova edição do projeto Cinema para Todos, que leva exibições gratuitas de filmes a comunidades e escolas públicas estaduais de Presidente Prudente e região, terá início com uma sessão especial nesta quarta-feira, às 19h30, no Anfiteatro I da FCT Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista). O evento marca uma das cinco exibições de estreia do documentário “Museu Oeste: Um Novo Olhar Krenak”, dirigido por Tatiana Cantalejo e produzido pela Aerofólio Filmes.
Segundo o coordenador, Helber Henrique Guedes, estudante do curso de Geografia da FCT Unesp e Agente Territorial de Cultura, articular a exibição de um filme produzido na própria região é uma ação fundamental não só para valorizar o audiovisual local, mas também para fortalecer as narrativas que emergem dos nossos territórios.
“Mais do que uma exibição, é um gesto político de valorização da produção cultural, da memória ancestral e da potência criativa que existe aqui no oeste paulista. É também uma oportunidade de diálogo com a comunidade e de construção de um olhar mais plural e descolonizado sobre quem somos", explica.
A iniciativa da exibição é do coletivo Projeta.Cine, que promove o acesso ao cinema e à formação cultural em Prudente. Para sua realização, o filme teve incentivo da Lei Paulo Gustavo, com o apoio do município.
O documentário acompanha a líder indígena Lidiane Krenak e sua família na preservação das tradições da Terra Indígena Vanuíre, localizada no interior de São Paulo. A obra destaca a importância da museologia na reconstrução da memória do povo Krenak, um dos mais impactados pelo regime militar, e aborda o engajamento da juventude indígena na valorização da cultura e da ancestralidade. O filme propõe uma reflexão sobre a resistência dos Krenak e os desafios enfrentados para manter vivas suas raízes diante das transformações sociais e ambientais.
“MAIS DO QUE UMA EXIBIÇÃO, É UM GESTO POLÍTICO DE VALORIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CULTURAL, DA MEMÓRIA ANCESTRAL E DA POTÊNCIA CRIATIVA QUE EXISTE AQUI NO OESTE PAULISTA. É TAMBÉM UMA OPORTUNIDADE DE DIÁLOGO COM A COMUNIDADE E DE CONSTRUÇÃO DE UM OLHAR MAIS PLURAL E DESCOLONIZADO SOBRE QUEM SOMOS"
Helber Henrique Guedes
Tatiana Cantalejo, diretora do filme, conta que o filme é importante para comunidade, pois a produção trata sobre legado e traz a reflexão de que museu é muito mais do que o ato de guardar um objeto.
“Esse é um filme que fala sobre o passado que não encerra um povo, mas que o faz levantar a cabeça e caminhar. Mesmo diante dos momentos mais sombrios, como a Ditadura Militar, que é um ponto-chave da história Krenak, nós temos a honra de retratar a Cacica Lidiane, uma líder extremamente sábia, que semeia na T.I. Vanuíre o desejo não somente pela conservação da terra, mas pela manutenção da identidade cultural. O filme carrega o DNA da luta dela e de seus ancestrais e busca reavivar o passado usando-o não como sentença, mas como ponto de partida.”
Após a exibição, o público irá participar de uma roda de conversa com a diretora Tatiana Cantalejo, cineasta e socioambientalista que tem trabalhos como equipe técnica em plataformas como Netflix, Prime Video e Globoplay, além de atuação em oficinas de audiovisual e educação ambiental através do cinema.
Também estarão presentes Lidiane Damaceno Krenak, museóloga, educadora, cacica da T.I Vanuíre e gestora do Museu Akãm Orãm Krenak, a filha, Rebeca Krenak, que atua na gestão do museu e representa a juventude indígena na continuidade do legado cultural de seu povo, e a Profa. Dra. Neide Barrocá Faccio, do Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente da FCT Unesp, que atua há 34 anos nas áreas de Patrimônio Arqueológico, com ênfase em Arqueologia Pré-Histórica.
A sessão é aberta ao público. A ação busca promover o acesso ao cinema e ampliar o debate sobre identidade, cultura e meio ambiente, reforçando o papel do audiovisual como ferramenta de transformação social.
“Toda a comunidade só tem a ganhar presenciando as reflexões de Lidiane, pois, independente do governo e do regime político, conservar quem somos coletivamente é uma das soluções que nos leva a um futuro mais justo. Aprendi com ela que museu, também, é isso”, completa a diretora do filme.
SAIBA MAIS
O Projeta.Cine segue firme no propósito de levar cultura e reflexão para a comunidade, reforçando o papel do cinema como um agente de mudança. Para acompanhar as próximas ações do projeto, siga as redes sociais do coletivo (@projeta.cine) e entre em contato pelo e-mail [email protected].