Todos estão sujeitos a agir de forma imediata em uma situação de emergência, inclusive as crianças. Pensando nisso, uma ação conjunta entre o 14º Grupamento de Bombeiros e a Seduc (Secretaria Municipal de Educação) levou o conhecimento para dentro das salas de aula em Presidente Prudente, no programa “Bombeiro na Escola”.
A parceria junto às escolas, diretores, professores, pais, alunos e comunidade tem o objetivo de prevenir acidentes com os menores. Durante as aulas, os pequenos são orientados sobre os números de telefones para emergências, princípio de incêndio, prevenção de acidentes domésticos, acidentes no trânsito e em outras áreas de riscos.
A cabo PM Ana Lucia do Nascimento Santos, idealizadora do programa e que também é pedagoga, conta que o projeto piloto em parceria com o município surgiu em 2015 após observar o aumento do número de ocorrências envolvendo crianças. “O programa foi bem aceito, atualmente estamos com 100% da rede municipal”, afirma. No total são mais de 5 mil alunos que receberam as orientações.
O programa é realizado semanalmente em salas de aula do ensino fundamental 1 (4º ou 5º ano) e fundamental 2 (8º ou 9º ano) - dividido em duas etapas para que futuramente o conhecimento seja reforçado.
“Infelizmente, a pandemia fez com que parássemos com o trabalho em sala, mas ele não parou. Foi feita uma reformulação do material, São Paulo [Comando do Corpo de Bombeiros] gostou e criou uma comissão. Retomamos com esse material novo, aos poucos, seguindo todos os protocolos sanitários”, explica Ana Lúcia.
O lema é: "cada segundo conta"
A produção do material foi feita conforme as ocorrências mais atendidas pelo Corpo de Bombeiros, e as de maior gravidade. Na primeira aula, os estudantes são orientados sobre como chamar o número de emergência e o que falar, isso porque muitos confundem os dígitos.
“O lema do bombeiro é ‘cada segundo conta’, então a pessoa que está machucada ou correndo risco de morrer precisa ser estabilizada e levada o mais rápido possível ao hospital”, salienta a cabo.
Também são apresentadas as diferenças entre fogo e incêndio; orientações quanto aos riscos de acidentes domésticos ocasionados por tomadas muito próximas de materiais combustíveis, quedas e brincadeiras perto da piscina; e a como evitar acidentes de trânsito. “A criança também te ensina. Percebendo que você está próximo dela, ela vai aprender mais”, considera Ana Lucia.
“A intenção é ter esse trabalho mais descontraído, chegar mais próximo porque ela vai perceber que você tem interesse que ela entenda”.
Foto: Roberto Kawasaki - Primeira aula foi sobre telefone de emergência
Multiplicadores do conhecimento
A reportagem acompanhou a primeira aula na sala do 4º ano B, da Escola Municipal João Sebastião Lisboa, Vila Charlote. O silêncio e os olhares atentos dos alunos demonstraram o interesse nas explicações da bombeiro-professora Ana Lucia.
“Desde pequenos são muito abertos para o conhecimento, absorvem muito bem. Eles vão crescer com esse conhecimento, e na vida adulta quando precisarem, vão colocar em prática, isso que é bacana”, afirma a professora Rutiney Tavares Siqueira Soares.
Guilherme Vitório Manganaro, 10 anos, participou da aula e tirou as dúvidas que tinha quanto ao assunto “como acionar os bombeiros”. “Foi bem legal, aprendi bastante”, afirma. Assim como o colega de turma, Sofia Alves, 10 anos, prestou atenção nos detalhes da explicação e diz que levará o aprendizado para a casa. “Tudo o que aprendo eu falo para a minha mãe”. A afirmação da criança vai de encontro a outro objetivo do programa, que é o de fazer com que o assunto não fique apenas na escola.
“O projeto vem agregar conhecimento a nossos alunos, e eles vão levar isso para a família porque são multiplicadores do conhecimento. Isso a gente vê no relato deles, o quanto é importante, o quanto eles compreendem a importância de uma prevenção, de ter a quem recorrer, no caso do bombeiro, a polícia em situação de risco, é isso que a gente consegue visualizar aqui na escola”, considera Adriana Agostinho Munhoz, orientadora pedagógica.
Foto: Roberto Kawasaki - Alunos da escola municipal João Sebastião Lisboa
Foto: Roberto Kawasaki - Alunos recebem material com atividades referentes ao tema