“Balé não é só um hobby, é uma arte, uma profissão!”

Maurício de Oliveira, diretor geral do Promodança 

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 05/04/2024
Horário 08:50

Viva o balé! O Instituto Promodança dá andamento à criação do Balé da Cidade de Presidente Prudente, um projeto que visa profissionalizar a dança no município. A audição para a escolha de bailarinos - selecionados por currículos - está marcada para o dia 21 deste mês e deve contar com candidatos locais e da região num raio de 250 km (quilômetros). O envio de currículos pode ser feito até às 23h do próximo dia 15. A reportagem falou com o diretor geral do instituto, Maurício de Oliveira, que deu uma entrevista detalhada sobre a iniciativa, a qual você confere a partir de agora! 

Como e quando surgiu a ideia de criar o Balé da Cidade de Presidente Prudente?
Nós criamos o Balé da Cidade de Suzano, há um ano, da mesma maneira como foi apresentado em Prudente. Ou seja, é uma pequena companhia que represente a cidade em termos de produção artística e cultural voltada ao balé. O município tem uma produção de dança muito intensa, bem como sua região. E a Promodança já está aí há muitos anos. Com a entrada do Festival de Dança de Presidente Prudente, depois levamos os títulos regionais e após a companhia estável, faltou um último estágio para o bailarino ser acompanhado. Que é o quê? A companhia profissional ou primeira companhia. Claro que a gente sabe que em termos de produção, nós não vamos poder ser comparados a um Balé da Cidade de São Paulo, a uma São Paulo Companhia de Dança, não é possível. Mas a gente pode ser comparada a companhias como Estável, Cisne Negro, que são companhias independentes, que têm uma produção cultural séria, e a região pede isso. Mas esse projeto é pioneiro.

Explique um pouco mais sobre a proposta...
As escolas formam bailarinos. Para quê? Para onde eles vão se não existe uma companhia profissional que os absorva? Então, a proposta de se criar o Balé da Cidade de Prudente é uma primeira semente para que outras cidades na região tomem a mesma iniciativa. A primeira seria Prudente. E outra questão importante é que o Balé da Cidade de Prudente pretende reunir, dentro dos seus objetivos, um número de bailarinos que têm uma formação profissional condizente com o balé. Então, para que servem os festivais? Para que as escolas mostrem os seus produtos, os seus serviços. E esses serviços serãp aproveitados onde? Nas companhias de dança. Eu formo bailarinos para uma companhia de dança. E tem ainda a questão cultural. A gente entendeu que Prudente está na hora de ter uma companhia de dança. Uma companhia que leve o seu nome, que a represente. Ela pode não ser estatal, pode não ter nenhum vínculo direto com a Prefeitura, mas pode ter uma parceria, uma participação. 

E como ela está sendo criada?
A companhia está sendo criada e mantida por uma associação de benfeitores que querem o desenvolvimento da arte, principalmente da dança, na cidade de Prudente. O princípio da companhia é este: ter um lugar onde os bailarinos formados possam dar continuidade àquilo que eles fazem e àquilo que eles gostam de fazer, que é a dança. Então, nós estamos dando um primeiro passo. Não é a companhia ideal, mas é um primeiro passo nesse sentido.

Quais os objetivos dessa iniciativa?
Os objetivos dessa iniciativa, em primeira instância, é termos um núcleo de produção profissional em dança. A dança vai ser pensada profissionalmente. Ela sai do mundo das academias, da competição e passa a ter uma produção profissional. Quando eu falo profissional, não é que a gente vai ter um guarda-roupa ou um cenário riquíssimo, mas a estrutura do balé é profissional. O balé pode ser contemporâneo, neoclássico, de repertório, não importa, mas ele tem uma estrutura profissional. Quem assistiu à Companhia Estável, com o Don Quixote, com o Corsario, e viu que ali é uma produção acima de uma escola, o que vai se ver no balé da cidade é acima da Companhia Estável. A Cia Estável é feita por alunos, o Balé da Cidade é feito por profissionais. Profissionais que estão cuidando das aulas, do figurino, da sonoplastia, da iluminação, da cenografia e, principalmente, da coreografia. Então, os projetos a serem apresentados, as propostas de trabalho são profissionais. Isso em relação ao trabalho.

“A GENTE ENTENDEU QUE PRUDENTE ESTÁ NA HORA DE TER UMA COMPANHIA DE DANÇA. UMA COMPANHIA QUE LEVE O SEU NOME, QUE A REPRESENTE”

Você diria que a proposta é ambiciosa?
Em relação ao projeto em si, nós queremos que, através do Balé da Cidade de Prudente, através da Procam [Procamerata], a gente consiga ter um núcleo de dança, um núcleo de música, um núcleo de teatro, que se juntam, e todos juntos fazem uma grande produção. Esta é a proposta. É ambiciosa? Sim, mas é um primeiro passo. Se você prestar atenção, que lá fora, na Europa, a maioria das companhias não é mantida pelo governo. Elas são mantidas por associações, por benfeitores, por patronos. Nós estamos trazendo uma ideia para a região, que lá fora é muito comum e no Brasil não. Esperar que o governo coloque dinheiro numa companhia, isso vai demorar muito para acontecer. Então, nós estamos tomando a iniciativa de criar a primeira companhia de Prudente e da região.

Em que etapa se encontra esse projeto?
O projeto está na etapa agora de composição da equipe técnica que vai administrar o balé. Então, criamos o setor de comunicação e assessoria, estamos vendo agora o local em que a companhia vai ficar sediada, o processo da associação, o vínculo da associação Procam com o balé, e começamos a campanha para que as pessoas adotem o balé e tenhamos mantenedores padrinhos da companhia. Começamos com esta campanha, porque como a audição é dia 21, nós teríamos que ter o nosso quadro com um mínimo de mantenedores apoiadores, padrinhos da companhia, para que tivéssemos uma estrutura mais segura para a audição. Estamos no processo de formação desta comissão que vai atrás de mantenedores para a companhia. Então, quem estiver lendo esta matéria e se interessar em ajudar o balé, pode entrar em contato elo telefone (18) 98129-7353.

Até quando seguem as inscrições para as audições?
As inscrições seguem até às 23h do dia 15 de abril, e são destinadas a moças e rapazes, com idade mínima de 17 anos, a completar em 2024. Eles devem enviar o currículo para o e-mail [email protected] ou pelo WhatsApp (18) 98129-7353, com as informações e os documentos solicitados. Já a audição está prevista para o dia 21 deste mês para aqueles que forem selecionados por currículo. Então há tempo para se fazer. O processo da audição é um teste para as pessoas entrarem para a companhia.

Qual a expectativa quanto ao número de bailarinos?
Em toda audição, se espera que venha bastante gente, mas sabe-se que numa audição vai correr contra o tempo. De repente caiu numa data que muita gente tem compromisso, e a gente está numa região que tem cidades próximas, e outras não tão próximas, mas como a audição é regional, se conseguirmos 50 pessoas já é um número muito, muito grande. Mas acreditamos que pela região conseguiremos atingir esse número. Tomara que seja até mais!

Destes, quantos devem ser escolhidos? 
Isso não tem como conseguir dizer pela audição, porque são dois momentos nela. A primeira é a técnica, é a prática. A segunda é a entrevista. Então, só depois da entrevista realizada é que a gente vai ter a ideia se os bailarinos que ali estão têm o perfil da companhia. Porque esta é outra coisa importante que tem que ser dita. O fato de eu ser bom tecnicamente, isso não me garante que entrarei numa companhia que eu prestar audição, porque não é um teste somente da técnica. Existe, dentro da proposta de obras a serem criadas, se você faz o perfil dela. Tem tudo isso. Existem companhias que pegam pessoas acima de 1,60 metro. Outras que pegam acima de 1,72 m. Mas isso tudo é na entrevista. Então não dá para se dizer quantas pessoas serão escolhidas na audição. Dá para dizer quantas serão encaminhadas para a entrevista, que é no mínimo 50%.

Como funcionará o trabalho do balé?
O balé funcionará no período da manhã e isso já elimina muita gente também. Ainda não se sabe ao certo que hora começa e que hora termina, e como ele ainda entra com uma companhia que estará em observação, a gente vai estipular de acordo com os bailarinos que entrarem na companhia, qual o melhor horário e se será a semana inteira ou três vezes por semana... Essa resposta a gente só tem depois de selecionados os bailarinos. Porque se dentro do perfil escolhido a maioria optou pelo período da tarde, então a gente passa o balé para a tarde, mas a expectativa é que seja de manhã.

Que resultados almejam a partir desta iniciativa? 
Desejamos mostrar que balé não é só um hobby. É uma profissão e que através dele você vai ter professores, cenógrafos, roteiristas, ensaiadores, repositores, tudo isso é o universo profissional do balé, que muitas vezes na escola a criança não tem a menor ideia, porque elas entram no balé para ser bailarinas ou bailarinos. Mas se esquecem que dentro do mercado da dança você tem muitas opções de formação, é como teatro e a música. Então a nossa expectativa é que o Balé da Cidade de Presidente Prudente apresente novas realidades, novas opções, novas propostas para que as pessoas entendam que balé é uma arte e é uma profissão como qualquer outra. E que ele seja visto assim, e a gente já está criando a grande expectativa da estreia da companhia. Estamos nos primeiros passos de uma grande ideia, vivendo, literalmente, a experiência do Balé da Cidade de Suzano, o qual participei da criação. É a mesma semente vindo para Prudente, com uma outra terra, outro adubo, mas com a mesma proposta e com a mesma intensidade artística!

Cedida

Maurício de Oliveira, diretor geral do Instituto Promodança

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