A TV Record passava um momento de grande sucesso diante do público com seus programas musicais para os jovens como a Jovem Guarda e os festivais de música brasileira, e resolveu investir pesado em teledramaturgia lançando novelas de sucesso. A primeira delas foi “A Última Testemunha”, lançada em 1968, escrita por Benedito Ruy Barbosa, inspirada no sucesso do cinema “O Milagre de Anne Salivam”, e contava praticamente a mesma história: Maria Tereza (Susana Vieira) é uma jovem professora vinda do interior, disposta a vencer na capital e que se dispõe a ensinar a jovem Buba (Rony de Oliveira), jovem, cega, surda, muda e analfabeta que havia sido a única testemunha do assassinato de uma bela mulher, Estela (Márcia de Windsor). Conforme avançam os esforços de aprendizado, mais Buba vai se tornando uma perigosa testemunha do assassino misterioso. Um elenco grandioso que contava ainda com Agnaldo Rayol, Lolita Rodrigues, Fúlvio Stefanninni, Geórgia Gomide, Márcia Maria e Altair Lima. Um sucesso.
“Cavando fossos e trincheiras”
A vida desfaz laços de amizade, afasta parentes e conhecidos, faz caminhos que vão deixando pessoas outrora importantes em nossas vidas, agora esquecidas e relegadas a planos cada vez mais encobertos. A distância, a evolução natural da vida e dos caminhos, a construção dos próprios nichos familiares contribuem para afastastmantos e distanciamentos entre as pessoas. Outras vezes pequenas atitudes impensadas, ou até mesmo impulsivas, fazem com que tomemos resoluções drásticas de riscar a presença de pessoas em sentenças isoladas em que atuamos como acusadores e sentenciadores de nossos algozes, sem direito a uma defesa correta. Quantas vezes deliberadamente fechamos portas, encerramos ligações deliberadamente por pequenos disse-me-disses ou conversas enviesadas. Uma vez ofendidos com pequenas atitudes ou historietas reais ou inventadas, passamos a criar trincheiras em torno de si, intransponíveis e nos acastelamos cada vez mais inatingíveis deixando os outros do lado de fora das paredes altas que construímos. Verdadeiros fossos de rancor e mágoa que são alimentados diariamente com jacarés e monstros frutos de nossas concepções e conclusões, numa proteção às avessas: que ao mesmo tempo nos afasta de quem nos assusta, nos acastela em torres inatingíveis obstaculizando o acesso de novas pessoas e novas histórias. Gastamos grande parte do tempo e da energia cavando trincheiras profundas, para nos aquartelar de inimigos imaginários ou de parentes supostamente ingratos que não estão nem aí para os nossos territórios. É muito desperdício de ações, principalmente quando se se espera sempre do outro, uma reaproximação de tentativa e de perdão. O outro tem agora que enfrentar os campos minados que colocamos em torno de nós mesmos, escalarem trincheiras profundas, ou elaborar pontes miraculosas para atravessar os fossos cheios de feras que colocamos ao redor de si. Muitos desistem. Outros nem tentam. E nós acastelados, nos ressentimos pelo abandono, falta de indiciava e não enfrentamento das trincheiras que nós próprios criamos. Pare de cavar.
Dica da Semana
Livros
“Gerontologia Social: Envelhecimento e Qualidade de Vida”
Editora Paulinas. Autor: Ricardo Moragas Moragas. O autor discorre sobre as diferentes vertentes sobre o envelhecimento: suas bases biológicas, psíquicas, sociais que influenciam na conduta humana bem como das consequências sob a ótica familiar, econômicas, do trabalho, do direito, que condicionam as mudanças decorrentes da velhice.