O local era o Quintal Esportivo do Sesc Thermas de Presidente Prudente, rodeado pela natureza e pelas pessoas que ali realizavam atividades físicas. O som era do berimbau, de novo a natureza e as vozes que davam lugar ao canto. “Sua benção, mestre”, alongamento e a calma em toda e qualquer palavra dita. O cenário ilustrado formou a Vivência de Capoeira de Angola, realizada ontem, para cerca de 60 pessoas. Ministrada pelo grupo Os Angoleiros do Sertão, o evento tratou da herança cultural enraizada no esporte, além de promover o principal objetivo: reunir e encontrar amigos.
À frente do grupo, uma das vozes era do Ednilson da Silva, Trenel Molejo, que explica que a função de todo o trabalho é também dar vez ao “movimento negro, disseminar a cultura afro-brasileira” e, novamente, reencontrar amigos. A possibilidade, segundo ele, é pertinente, haja vista que a modalidade em si tem se enraizado e criado laços com outros grupos de fora.
É que o grupo Os Angoleiros do Sertão é de Prudente, mas a reunião com a vivência traz a integração de pessoas de diversos locais, como de Maringá (PR), por exemplo. Quem traz o pessoal de lá é o mestre Binha, que conheceu a modalidade angolana há mais ou menos oito anos. Isso sem contar os outros 27 anos, que contabilizam os 35 dedicados à capoeira. Na ocasião, ele falou sobre a força que o esporte tem, a disciplina por trás de tudo e os ganhos ao longo da história.
“É uma atividade rica de tudo. Participar disso é ter a chance de vivenciar a herança cultural que temos. Infelizmente o preconceito sempre vai existir, mas aos poucos temos ganhado mais voz e mais espaço”, completa mestre Binha. Em complemento, Ednilson ressalta a disseminação da modalidade, que hoje ganhou lugar em vários locais do país.
E adeptos também. No Quintal Esportivo, homens, mulheres, jovens, idosos, adultos e até crianças de colo, assim que o sinal verde foi dado, todos entraram na dança. Até quem estava de fora e praticava outras atividades parou para olhar.
Angoleiros
De modo geral, o grupo foi criado na década de 1980, em Feira de Santana (BA). Ainda de acordo com Ednilson, a modalidade, na verdade, se trata do estilo raiz da capoeira, no entanto, “pouca gente tem conhecimento disso”.
Encontros com vários grupos, como a vivência, acontecem sempre, mas o grupo se reúne pelo menos três vezes por semana, para aperfeiçoar a prática. Durante esse momento, o mestre explica que eles buscam divulgar ainda mais a história, valorizar a expressões dos praticantes e tornar evidente a essência da identidade cultural.
SERVIÇO
Para quem quer conhecer mais sobre o grupo ou até mesmo fazer parte, o contato inicial deve ser realizado através do Facebook Trenel Molejo, ou pelo telefone (18) 99745-0622. A atividade é ministrada na FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) de Prudente e também no Centro Cultural Matarazzo.