Veterinária orienta sobre tosse dos canis e cinomose

Segundo especialista, ambas as doenças se assemelham à gripe apenas pelos sintomas; no frio, facilidade de contágio é maior

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 05/07/2018
Horário 08:33
José Reis - Vanessa procurou o veterinário assim que percebeu a tosse constante de Max
José Reis - Vanessa procurou o veterinário assim que percebeu a tosse constante de Max

Dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem. A conexão com os seres humanos é tamanha que algumas doenças até se assemelham: uma delas é a gripe. Secreção nasal, espirros e tosses são reações comuns quando caem as temperaturas. Mas de que forma ela afeta os pets? A doença mais comum entre eles nessa época é a traqueobronquite infecciosa (tosse dos canis), todavia, a que traz riscos à vida dos caninos é a cinomose. O médico veterinário Luiz Carlos Kayahara conta que, neste ano, atendeu 35 casos em Presidente Prudente, sendo que, destes, 23 eram de tosse de canis e 12 de cinomose – dos cães afetados por esta doença, 10 foram a óbito e dois seguem em tratamento. Já no Hospital Veterinário Universitário da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), também em Prudente, somente no mês de maio foram atendidos 40 cachorros – 15 deles com cinomose.

Segundo Adriana Falco de Brito, veterinária especialista em enfermidades infecciosas dos animais domésticos, em ambas as situações, a transmissão tem grande propensão de ocorrer por meio do ar e, no frio, a facilidade de contágio é ainda maior. De acordo com ela, os agentes que possibilitam esse desenvolvimento são muitos, “como Bordetella bronchiseptica e adeno vírus”. Todos eles, com as baixas temperaturas, desenvolvem maior resistência e sobrevivem por mais tempo. “Mudanças bruscas de temperatura também ajudam”, frisa.

Mas quais os sintomas? Conforme Adriana, a tosse de canis, como o próprio nome já diz, provoca uma tosse constante que é facilmente confundida com engasgo. “É uma tosse com ronco, incomoda bastante”. Já no caso da cinomose, que normalmente tem vítimas filhotes e raças pequenas como pinscher, os sintomas são mais graves. “Altera o processo respiratório, em alguns casos causa vômito, diarreia e acarreta problemas neurológicos, destruição de neurônios, convulsões”, conta. Alguns animais param de se locomover e até mesmo de enxergar. Apesar disso, segundo ela, para evitar qualquer um dos casos é essencial que as vacinas estejam em dia e, ao constatar qualquer sintoma, procurar ajuda profissional. “É importante saber o motivo da tosse”, pontua.

Gripe canina?

Isso se classifica como gripe canina? Pode existir transmissão entre humanos e cachorros? E quanto ao vírus Influenza H3N8? As dúvidas em relação a este assunto são inúmeras, portanto, a profissional explica. “Chamamos de gripe devido aos sintomas que são iguais, mas, na verdade é um resfriado. O vírus influenza é que causa gripe, existem vários tipos de influenzas, o H3N8 é um deles e atinge especificamente cavalos. O que aconteceu é que um cachorro que convivia com equinos [nos Estados Unidos] acabou sendo diagnosticado com sintomas também”. Conforme Adriana, no Brasil ainda não foram diagnosticados casos de vírus influenza em cães.

Ademais, a veterinária explica que cachorros não se encaixam na lista de animais propícios a transmitir gripe aos seres humanos. “Existem vários tipos de influenza, em um deles ocorre transmissão entre pessoas e animais [como a H1N1], mas isso é mais comum com aves e suínos, ou seja, não tem como pegarmos nem passarmos gripe para os cachorros, o tipo de vírus não é o mesmo”, reforça a especialista.

Protegendo com amor

Vanessa Breyer tem um lhasa apso chamado Max e passou por maus bocados neste início de inverno. “Recentemente reparamos que ele teve tosse durante a noite, parecia estar engasgado”, explica. Ao levar o pet ao veterinário, teve o diagnóstico, tosse dos canis. “Foi aplicada uma injeção e tratamento com xarope, agora ele já está melhor, os sintomas já acabaram”. Segundo Vanessa, agora mantém Max rodeado de roupinhas e cobertores para evitar que o episódio se repita.

Apesar de nunca ter passado por nenhuma das doenças com suas quatro cachorrinhas, Aline Honda não abre mão do cuidado com Antonella, Lolla, Léa e principalmente a mais velhinha, Aika. “Ela já tem 10 anos, então, não a deixo muito no quintal, passeio em horas que tenha mais sol”, relata. Sobre os cuidados com a alta propensão de gripe no inverno, a prudentina já tem uma série de cuidados estabelecidos. “Não levo para tosar, não dou banho em casa, por causa da dificuldade em secar totalmente, e todas elas dormem em ambiente coberto e com cobertores quentinhos”, explana. 

SAIBA MAIS

Transmissão e prevenção

As principais formas de o pet ser infectado por qualquer uma das doenças é por meio do ar ou de contato direto com um cão infectado. “Focinho com focinho no portão, frequentar o mesmo ambiente, banho e tosa”, informa Adriana. Para evitar que o pet tenha esse contágio, ela ressalva a importância de colocar o cachorro em um ambiente bem ventilado, mantê-lo sempre hidratado e bem alimentado. Além disso, é fundamental manter as vacinas em dia e optar por cobertores e roupinhas que deixe o peludo quentinho quando estiver frio.

 

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