Versões sobre morte de pitbull divergem

Diferente da história expressa no B.O., familiares que observaram a evolução da ocorrência policial afirmam que o cachorro não foi solto por motociclista e, também, não atacou os policiais

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 21/01/2020
Horário 10:21

Publicada ontem pelo site de O Imparcial, a notícia “Homem em fuga solta cachorro pitbull contra policiais, que matam o animal”, trouxe a versão da ocorrência descrita pelos policiais que conduziram o caso no B.O. (Boletim de Ocorrência). Na versão, os policiais informam que um motociclista de 18 anos fugia da equipe pela contramão de vias públicas e cruzando sinais vermelhos. Em determinado momento, ele entrou em uma residência e soltou um cachorro da raça pitbull contra os policiais, que atiraram e mataram o animal.

A versão é contestada por familiares e ativistas dos direitos dos animais. A reportagem entrou em contato com a família do suspeito, e foi sua sogra, a manicure Juliana Gomes Gonçalves, 40 anos, quem se pronunciou. Segundo ela, o cachorro, chamado Zeus, era dócil, bem tratado e “amava o dono, tanto que, sempre que o dono [o motociclista] chegava, ele ia a seu encontro”.

Na história descrita por Juliana e atestada pelos demais familiares presentes no momento da abordagem policial, foi justamente a mania de ir de encontro ao dono que gerou o acontecimento. Quando o rapaz, de 18, retornava para casa, em fuga da polícia, depois de ser identificado pelo policiamento de motocicleta, usando chinelo e sem o espelho retrovisor, ele entrou, “assustado”, pela porta dos fundos da casa.

“O cachorro, sempre que seu dono entrava pelos fundos, ia a seu encontro na porta da sala, e nesse dia foi a mesma coisa, só que, no caminho, encontrou os policiais que buscavam meu genro”, comenta Juliana.

Ela afirma, ainda, que sua filha, esposa do motociclista, ouviu uma conversa entre os policiais que diziam: ‘Vai ter que ser na cabeça’. Juliana crê que tal fala demostra que tiveram tempo de pensar o que fariam. “Se o cachorro estivesse atacando, eles teriam tempo para pensar? Atiraram bem no olho, miraram”, questiona a manicure.

“O que me deixa indignada é falarem que o cachorro foi solto para atacar os policiais. Ele não foi solto, ele vivia solto no quintal”, afirma Juliana. “O que meu genro fez, ele terá que pagar, mas matar um animal, dentro de casa, dócil, é crime, e eles também precisam pagar”, completa. Juliana explica que abriram B.O. sobre o ocorrido e que um advogado assumirá o caso.

 

ATIVISTA SOLICITA

EXPLICAÇÕES DA PM

A Membro da Rede Proanimal Prudente, Valéria Ribeiro, 57 anos, se solidarizou com a ocorrência. “A Rede Proanimal não está julgando a postura do rapaz, mas a morte do pitbull. A versão da polícia não bate com a das testemunhas, precisamos de explicações”, destaca. Segundo a ativista, o cachorro estava em seu habitat, e a ação dos policiais demonstrou despreparo.

A Rede Proanimal Prudente, Valéria explica, luta por políticas públicas para proteção à animais e pelo direito animal.

 

O QUE DIZ A

POLÍCIA?

Por meio de nota, a Polícia Militar esclareceu que a equipe da 1ª Companhia do 18° Batalhão de Polícia Militar do Interior “em atendimento de ocorrência de desobediência a ordem de abordagem e direção perigosa, tendo um indivíduo (maior de idade) empreendido fuga da equipe da região Central do município ao bairro Cecap. Ao conseguir alcançá-lo, quando já entrava com a motocicleta no quintal de sua residência, a equipe foi atacada por um cão da raça pitbull sendo necessária a utilização de arma de fogo para impedir o ataque do animal”. A corporação informa, ainda, que “a ocorrência foi apresentada na Delegacia de Polícia Civil e o local do evento periciado para a devida investigação. O infrator foi preso pelo crime de direção perigosa de veículo e por colocar em risco à vida de outrem, ficando à disposição da Justiça”.

O jornal O Imparcial entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo para repercutir os fatos e aguarda o envio das respostas para mais informações.

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