Vem Pra Rua pede pelo fim da impunidade e por justiça

Com o slogan “Ou você vai, ou ele volta!”, manifestantes se posicionaram nona noite fim da tarde de ontem, no Parque do Povo de PP, contra a concessão do habeas corpus para o ex-presidente Lula

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 03/04/2018
Horário 20:23
Marcio Oliveira - Vestidos com as cores verde e amarela, público local promoveu gritos em prol da justiça
Marcio Oliveira - Vestidos com as cores verde e amarela, público local promoveu gritos em prol da justiça

Está previsto para hoje, o julgamento da concessão ou não do habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por parte do STF (Supremo Tribunal Federal). Mas no final da tarde de ontem, em Presidente Prudente, o movimento Vem Pra Rua mobilizou centenas de pessoas no Parque do Povo, que se posicionaram contra a adjudicação do benefício ao réu. Entre gritos, fogos de artifício e bandeiras do Brasil, com o slogan “Ou você vai, ou ele volta!”, os manifestantes pediram pelo fim da impunidade e por justiça, que, para eles, só deve ser conquistada a partir da prisão do parlamentar.

No alto do palanque instalado no local, Chezlacki Júnior, presidente do Vem Pra Rua e organizador do ato, discursou sobre o manifesto. Em suas falas, ele reforçou a importância da mobilização, que também implica no tratamento igual para todos. “O STF está fazendo um imbróglio da situação, para tentar nos enganar. Condenado deve ser preso”, promoveu.

Ademais, em meio ao público local, ele salientou e deu viva à Operação Lava Jato, que tem mandado à cadeia, políticos e terceiros que foram criminalmente julgados. Sobre o ex-presidente Lula, Chezlacki abordou que o mesmo possui “uma mentalidade doente e comunista”, que contribui para o regresso nacional. “O homem é condenado e ainda quer voltar a concorrer à presidência. Nós não podemos ficar calados diante a isso. Todos os corruptos devem ser presos”, completa.

Em concordância com pensamento do organizador, o farmacêutico Rodolfo Bonini e Guilherme Staut Bonini, administrador de empresa, foram até o local para questionar a impunidade. De longe, já era possível vê-los de camisetas pretas, estampadas com a frase “Não à corrupção”. Mas indo além das vestes, ambos relatam a indignação da injustiça, caso Lula consiga o benefício. “O que temos aqui é um problema cultural. As pessoas precisam participar mais da política e opinar mais”, lembra Rodolfo. Por fim, Guilherme pontua a necessidade do ato em não ser uma questão partidária, mas pedir a correção dos erros, atrelado à condenação, daqueles que praticaram crimes.

Assim como ele, de forma a excluir a questão partidária, o promotor de Justiça, Marcos Akira, se preocupa com os reflexos que tal concessão de benefício pode causar. Ele explica que a situação a ser julgada hoje, cabe somente ao ex-presidente, no entanto, uma vez que seja concedido o habeas corpus, todos que estiverem no mesmo patamar de julgamento que ele irão pleitear da mesma forma. “É uma abertura que nos traz uma preocupação imensa, por abrir brecha a outros crimes graves praticados, por vários outros réus. O que tratamos aqui é a impunidade, a corrupção”, expõe.

Sobre o argumento da defesa de Lula, o promotor analisa que a Constituição, em nenhum momento ela permite uma interpretação dissonante do interesse público para beneficiar um criminoso. “É uma interpretação muito isolada, que traz um desastre social”, completa. Ainda de acordo com ele, o cenário é decisivo e diz respeito a um aspecto jurídico geral da sociedade. “Essa decisão pode ser um marco e um divisor de águas”, finaliza.

 

Julgamento

Como dito, deve ocorrer hoje o julgamento no STF. O Supremo vai julgar se deve ser concedido o habeas corpus ao ex-presidente Lula. Como noticiado por este diário, ele foi condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a 12 anos e um mês de prisão em regime fechado, pelo caso do triplex no Guarujá (SP). Em documento entregue ontem, ao Supremo, a defesa do político argumentou que o réu só pode ser preso depois de transitado em julgado, quando não há mais recursos, conforme prevê a Constituição.

 

 

 

 

 

 

 

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