Em Presidente Prudente, as altas consecutivas no preço da gasolina levou grande parte dos consumidores a trocá-la pelo etanol. É o que afirmam proprietários e gerentes de postos de combustíveis locais, segundo os quais a procura pelo álcool é duas vezes maior do que pela gasolina. Eles apontam que os donos de veículos de combustível duplo costumam fazer o comparativo dos valores e, como normalmente o preço do litro do etanol custa até 70% do litro da gasolina, o primeiro se torna automaticamente a escolha padrão. Os comerciantes sentem, no entanto, a queda progressiva no consumo geral, que vem ocorrendo há mais de um ano e foi intensificada a partir da greve dos caminhoneiros, deflagrada em maio deste ano, em que uma das demandas era a redução no preço do diesel e, mais tarde, englobou os demais combustíveis.
O proprietário do Auto Posto Prudentão 3, Lourivalter Domingos Gonçalves, expõe que os estabelecimentos da rede em que atua têm vivenciado um “recuo considerável” no número de abastecimentos, uma vez que os aumentos de preços verificados nos últimos meses levou as pessoas a economizarem o consumo. Quando há a necessidade de encher o tanque, contudo, os motoristas sempre se atentam aos valores mais em conta. Ele enfatiza que, após a paralisação dos caminhoneiros, embora o diesel venha mantendo o desconto de R$ 0,46, não houve impacto nos outros combustíveis. “Não só os consumidores sofrem com isso, como também os postos, que registram menor movimento”, argumenta.
O gerente do Auto Posto Grigoleto, Juliano Grigoleto Pimenta, salienta que a saída de etanol é duas vezes maior que a da gasolina, a qual só é pedida por quem tem veículos movidos unicamente por esse combustível. Ele destaca que, apesar de o preço do etanol ter se mantido estável, a tendência é que ocorra aumentos nas próximas semanas, em virtude do fim das safras de cana-de-açúcar. Já o gerente do Posto de Serviços Jardim das Rosas, Antônio Carlos Alfredo, não vê perspectiva de melhora para o futuro. “Os reajustes vêm lá de cima. Nós só fazemos os repasses, então, também somos afetados. O que se observa é que os preços tendem a continuar crescendo”, considera.
Consumidores
O pintor Rodrigo Tomás da Silva, 36 anos, precisou diminuir o uso do carro desde que os aumentos nos preços dos combustíveis começaram a comprometer suas finanças. Agora, só o utiliza quando realmente necessário. Nessas situações, ele opta pelo etanol. “Eu prefiro abastecer com gasolina, mas o valor está inviável, então, o álcool acaba compensando mais”, opina. O aposentado Cícero Ribeiro, 78 anos, sempre coloca os custos na ponta do lápis e acredita que, ao decidir pelo combustível mais barato, o montante economizado no fim do mês permite que ele abasteça um pouco mais. “Eu esperava que a pressão popular em maio resultasse na queda dos valores, mas não foi o que aconteceu de fato”, pondera.
O comerciante Antônio Cleiton da Silva, 48 anos, está desanimado com o atual cenário, que atribui à crise política do país. “Além disso, todos os preços são cotados com base no dólar, o que nos deixa de mãos atadas. Minha família tem dois carros, mas passamos a priorizar o uso de um e apenas para o essencial”, denota. O representante comercial, Renato Vernille, 42 anos, por sua vez, não tem outra alternativa senão abastecer, já que depende do automóvel para desempenhar seu trabalho. “Perspectivas de mudança só serão possíveis quando transcorridas as eleições”, pontua.
A reportagem tentou obter uma avaliação junto ao Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), contudo, não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
