O número de empréstimos consignados ofertados a idosos da região de Presidente Prudente, no ano passado, número mais recente, totalizou um montante de R$ 1.095.834.595,65, que representou 465.878 solicitações. Em dois anos, o valor de consignados ultrapassa os R$ 2 bilhões, sendo que entre 2017 e 2018 os pedidos apresentaram um aumento de 11,49% e o montante uma elevação de 18,47%, conforme dados informados pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A reportagem conversou com idosos que solicitaram esse tipo de serviço e, de todos, ouviu que os juros baixos atrativos são responsáveis por tantos pedidos. Além do bônus, eles relataram o ônus da aquisição.
O balanço dos últimos dois anos disponibilizado pelo INSS revela que em 2017 os idosos da região de Presidente Prudente solicitaram 417.832 empréstimos consignados, que renderam a quantia de R$ 924.974.556,93. No ano seguinte, esses números apresentaram os aumentos de 11,49% e 18,47%, respectivamente, fazendo que em dois anos as solicitações junto ao Instituto Nacional do Seguro Social somassem 883.710 pedidos e R$ 2.020.809.152,58. “Destacamos, porém, que o número de empréstimos não corresponde, necessariamente, ao número de segurados que possuem empréstimos, já que um aposentado ou pensionista pode ter mais de um consignado”.
É notório que este aumento está diretamente ligado à necessidade deste público buscar certa quantia para, principalmente, quitar dívidas, sendo que a opção se torna um atrativo pelos juros que são inferiores aos apresentados por demais instituições financeiras. Essa realidade foi apresentada tanto por conversas nas ruas com os idosos, quanto em tantas entrevistas já realizadas pela reportagem com economistas, a exemplo do depoimento da especialista Edilene Takenaka. Isso porque, ela acredita ver que as pessoas entendem valer mais à pena pegar dinheiro emprestado e pagar contas de banco, que possuem juros bem mais altos, do que se endividar com contas que não param de crescer, por isso a opção pelo empréstimo do INSS. Trata-se do custo e benefício.
Vale destacar que, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social, a margem consignável, que é o valor máximo da renda a ser comprometida, não pode ultrapassar 35% do valor da aposentadoria ou pensão recebida pelo beneficiário, sendo 5% destinados exclusivamente para a amortização de despesas contraídas por meio da modalidade cartão de crédito. O número máximo de parcelas é de 72 meses.
Bônus e ônus
A aposentada de 73 anos, Júlia Fernandes dos Santos, contou para a reportagem que há dois anos precisou fazer uma solicitação de consignado junto ao INSS, a única feita até hoje, pois na época viu a necessidade de um aporte financeiro para a reforma de uma residência que tinha no Jardim Regina, em Presidente Prudente. “Foi um bom negócio para mim, consegui atingir meu objetivo e ainda paguei juros muito inferiores ao que me propunham”, ressalta.
A reportagem conversou ainda com um aposentado de 71 anos, que preferiu não se identificar no texto, e que relatou ter pedido mais de uma vez o consignado, pois ele é uma “boa opção emergencial, e também mais barata, porém que oferta perigos aos idosos”. “Lembro que peguei por juros que não chegavam a 2%, sendo que há bancos que propõem empréstimos com juros a 4,5%, então, é ótimo o negócio. Há, no entanto, o ônus de muitos idosos que caem na conversa de família, como filhos e netos, que nos convencem a pegar dinheiro e acabam não pagando. É quando assumimos uma dívida que não é nossa”, pontua.
Saiba mais
O beneficiário que a qualquer momento se sentir prejudicado por operações irregulares ou que identificar descumprimento do contrato por parte da instituição financeira ou de normas pré-estabelecidas deverá registrar sua reclamação na Ouvidoria Geral da Previdência Social, pelo site www.inss.gov.br ou telefone 135, da Central da Previdência.