Uso da Terra

OPINIÃO - Marco Antônio Del Grande

Data 21/03/2019
Horário 07:00

O uso da terra, mudanças no uso da terra e florestas (LULUCF na sigla em inglês), também chamado de silvicultura e outras formas de uso da terra é definido pelo Secretariado das Nações Unidas sobre Mudança do Clima como um inventário de gases de efeito estufa que cobre emissões e remoções desses gases, resultantes do uso direto da terra, induzido pelo homem, através de processo antropogênico, tais como assentamentos e usos comerciais, mudanças no uso da terra e atividades florestais. O uso da terra, mudanças no uso da terra e florestas tem impactos no ciclo global do carbono e, como tal, essas atividades podem adicionar ou remover o dióxido de carbono (ou, mais genericamente, o carbono) da atmosfera, influenciando o clima. Além disso, o uso da terra é de importância crítica para a biodiversidade. O uso da terra, mudanças no uso da terra e florestas foi objeto de dois grandes relatórios do Clima elaborados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC na sigla em inglês), contudo, as complexidades inerentes às atividades de uso da terra, mudança do uso da terra e florestas levaram a debates controversos e prolongados sobre os méritos de sua inclusão no primeiro período de compromisso de 2008-2012 do Protocolo de Quioto. No entanto, a inclusão destas atividades vem desempenhando desde então um papel fundamental no acordo sobre o quadro geral do Protocolo de Quioto, principalmente no que diz respeito às metodologias consolidadas acerca do reflorestamento e aflorestamento e continuará a desempenhar um papel substancial nas negociações sobre compromissos nacionais e internacionais pós-2020, sob a égide do Acordo de Paris, considerada a mais ampla coalisão para reduzir emissões de gases estufa, com o escopo de frear o aumento da temperatura global em até 1,5°C, em comparação com a era pré-industrial, e assim evitar que o fenômeno das mudanças climáticas cause impactos ainda mais duros sobre o planeta. No âmbito deste acordo, o Brasil se comprometeu a restaurar 12 milhões de hectares de floresta. Todavia, essa promessa somente poderá ser cumprida se houver rigoroso monitoramento do uso da terra. Segundo o coordenador da seção de processamento de imagem do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), “o monitoramento vai ser um elemento-chave nos próximos anos, já que muitos países e consumidores estão cada vez mais interessados em rastrear tudo o que tem impacto na mudança do clima”. Não obstante, a expectativa de protagonismo depositada no Brasil desde a COP21 tem migrado para a China. Segundo levantamento recente da NASA, esta mostrou que o planeta está mais verde do que há 20 anos, graças, principalmente, à China, já que a área global de cobertura folhosa cresceu 5% desde o início dos anos 2000 e sozinha, a China responde por um quarto desse aumento. Por lá, quase metade do efeito vem do plantio de árvores para reduzir a erosão do solo, a poluição do ar e as mudanças climáticas. Mas não se trata só de florestas, pois cerca de um terço do aumento da área verde vem de áreas agrícolas. A falta de integração de informações sobre o uso da terra no Brasil dificulta a criação de políticas públicas. Mas uma nova articulação entre governo e sociedade civil poderá modificar esse quadro e dar eficiência ao combate do desmatamento, bem como gerar eficiência ao setor agropecuário e agroindustrial no Brasil, em razão de possuirmos alta tecnologia, aliado a alta produtividade. Por tudo o que representamos, não podemos ficar para trás.

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