Uma semana santa

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 26/03/2018
Horário 08:24

As festas são tão antigas quanto a própria humanidade. “Celebrar uma festa é festejar de maneira diferente a aprovação do mundo, que se efetua permanentemente, todos os dias”. As festas são celebrações de acontecimentos que são recordados e atualizados pelos fiéis num clima de ação de graças e de louvor. Algumas festas têm origem em acontecimentos da natureza cósmica que se repetem periodicamente. Outras são fatos significativos da vida dos indivíduos e das famílias, das comunidades e coletividades maiores. As festas são assim fatos cultuais, pois o ser humano religioso inclui um agradecimento ao Criador do mundo em que mora e o motivo concreto dessa celebração.

A Igreja Católica celebrará a Páscoa, que é o mistério da Paixão-Morte-Ressurreição de Jesus de Nazaré, o filho de Deus encarnado em nossa história há cerca de dois mil anos no oriente médio, nas terras palestinas. Esse evento é o principal acontecimento da fé e dessa solenidade depreendem-se todas as outras do calendário. O Ano Litúrgico é definido a partir da data da páscoa que, a cada ano, acontece no primeiro domingo depois da primeira lua cheia da primavera no hemisfério norte (ou do outono, no hemisfério sul). Essa data foi definida no Concílio Ecumênico de Nicéia, em 325, e visava na sua origem não coincidir a celebração cristã e a judaica na mesma data. Ele é ritmado semanalmente pelo domingo e anualmente pela páscoa.

Como o Mistério Pascal é o centro e a fonte do ano litúrgico, existe uma ampla preparação litúrgico-religiosa-espiritual. Os ritos e o calendário foram ajustados no percurso histórico. Não são frutos de uma sentada de expertos no assunto, mas da experiência do povo de Deus. O ano litúrgico narra, atualiza e vive a vida de Cristo no percurso de um ano civil. A Semana Santa, na qual está o Sagrado Tríduo Pascal, inicia ainda no contexto da quaresma - que vai da quarta-feira de cinzas ao entardecer da quinta-feira santa. É a “semana maior” na qual contemplamos os acontecimentos finais da vida “terrena” de Jesus.

O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor narra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O filho do carpinteiro é acolhido festivamente com honras reais: “Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana ao Filho de Davi”. O seu séquito era formado por gente simples, a começar pela sua montaria: um pequeno jumento. Neste dia, as comunidades rememoram o evento glorioso no qual Jesus é reconhecido o Rei anunciado pelos profetas e aguardado ao longo das gerações. Há uma bênção nos ramos levados pelos fiéis que acenam alegres durante a procissão até o interior da igreja, onde a santa missa transcorrerá a partir da oração-coleta e será lida a narrativa da paixão do Senhor – a ser repetida na versão joanina na sexta-feira santa. Curiosidade: esses ramos são levados para casa e, no início do ano seguinte, depositados na Igreja onde, queimados, suas cinzas serão abençoadas e distribuídas na quarta-feira que inicia a quaresma.

Segunda-feira, terça-feira e quarta-feira são dias para reflexões, ações para-litúrgicas como procissões, vias-sacras, celebração da palavra, sermões, confissões... “Já se aproximam os dias de sua Paixão salvadora e Ressurreição gloriosa, pelos quais é vencida a soberba do antigo inimigo e se faz memória do sacramento de nossa redenção” (Prefácio da Paixão II). Eles nos preparam para a Paixão do Senhor. Iniciemos com fé a semana que nos conduz pela cruz até à luz de um novo dia e uma nova vida inaugurados pela ressurreição de Jesus. Com amor e confiança, caminhemos com Jesus.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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