Um paraíso brasileiro, no meio do Atlântico

Arquipélago, que fica a 545 quilômetros de Recife, é um dos lugares mais lindos e preservados da costa do Brasil

TURISMO - Da Reportagem Local

Data 01/10/2018
Horário 08:22
Cecília de Sá Pereira - Baía dos Porcos (2º lugar, dentre as praias mais bonitas do Brasil), parece uma piscina de peixes coloridos
Cecília de Sá Pereira - Baía dos Porcos (2º lugar, dentre as praias mais bonitas do Brasil), parece uma piscina de peixes coloridos

O paraíso aparece em vista panorâmica, através das pequenas janelas do avião que se aproxima das ilhas. Entre exclamações de turistas extasiados, surgem morros cobertos de vegetação, rochas escuras, águas de um verde luminoso na beira da praia, e de um azul profundo no oceano. Noronha é assim, encanta e apaixona à primeira vista.

Localizada no Oceano Atlântico, a 545 quilômetros de Recife, Fernando de Noronha é um dos mais lindos e preservados locais da costa do Brasil, sendo um lugar excelente para se visitar no mês atual, dedicado às comemorações do Meio Ambiente.

O arquipélago é formado por uma ilha principal - a única que pode ser visitada - e mais 20 ilhotas, abrangendo uma área total de 26 quilômetros quadrados. Uma área bem maior, de 112 quilômetros quadrados, que abrange também o mar em torno do arquipélago, compõe o Parque Nacional Marinho desde 1988, mesmo ano em que Noronha tornou-se distrito de Pernambuco. Há regras definidas de preservação ambiental, e todos que vão à ilha estão sob os olhos atentos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). Em Noronha, que só recebe 420 visitantes por vez, turismo e preservação convivem pacificamente.

Feita a aterrissagem, a primeira providência é adiantar o relógio em uma hora devido ao fuso horário. A segunda é preencher o formulário de controle migratório e pagar a taxa de preservação ambiental. Corresponde a R$ 21,28 por dia, destinada, segundo a administração local, à preservação da natureza, transporte do lixo para o continente e melhoria da infraestrutura local. Alguns nativos desconfiam do destino dado a este dinheiro. De qualquer maneira, assim que você pisar na primeira praia vai convencer-se de que vale a pena pagar para que o paraíso seja preservado como atualmente.

Contudo, se a sua imagem de paraíso inclui um bom e confortável hotel, o sonho vai acabar assim que você chegar às suas acomodações. A ilha só tem um hotel, todos os outros são pousadas domiciliares, adaptadas às casas dos próprios ilhéus. Ar condicionado já deixou de ser um luxo em Noronha, sendo disponível em muitas pousadas. Mas, banho quente não tem em lugar nenhum. Se você gosta mesmo é de conforto e luxo, Noronha definitivamente não é o lugar mais indicado. Portanto, entre embaixo do chuveiro de água fria sem reclamar, e trate de tomar um banho rápido. Toda a água vem da chuva, pois, sendo de origem vulcânica, a ilha tem pouca disponibilidade de fontes naturais. É bom evitar desperdícios. A mesma coisa vale para a energia elétrica, gerada por termoelétricas através da combustão do óleo diesel. Em Noronha há apenas um catavento para geração de energia eólica, que responde por cerca 5% do consumo total do distrito.

Mas quem quer saber de conforto num lugar como este? Fernando de Noronha é um sonho e só os realmente chatos vão estar preocupados com a água fria depois de conhecer qualquer uma das 16 aconchegantes praias da ilha. Tanto no mar de dentro (com as praias voltadas para o continente), quanto no mar de fora (com as praias voltadas para o horizonte do oceano) você vai encontrar paisagens de cair o queixo, e banhar-se em águas tão transparentes e límpidas que parecem ficção. Procure reservar pelo menos quatro dias das suas férias para conhecer a ilha. É lógico que você pode ir com menos tempo, mas vai ter que correr para dar uma olhadela rápida em tudo. Noronha é um lugar que merece ser digerido com calma aguçando todos os sentidos.

Não deixe de fazer um passeio de barco, no qual você vai ver todas as praias do mar de dentro, mergulhar nas águas de esmeralda da divina Baía do Sancho e, com sorte, ver grupos de simpáticos golfinhos que vêm nadar junto às embarcações. Num passeio de bugue, pode conhecer também as praias mais bonitas do mar de fora. Em diversos pontos de Noronha você pode praticar mergulho livre, com máscara, snorkel e pé-de-pato, fáceis de alugar por R$ 5 o conjunto. Empresas especializadas levam os interessados para mergulhar em profundidades maiores, com todos os equipamentos necessários, como os cilindros de oxigênio. Percorrer trilhas pela ilha também é uma opção muito procurada pelos amantes dos esportes da natureza. Os passeios oferecidos pelas empresas de turismo que operam na ilha são bem organizados, os guias costumam ser bem informados e simpáticos.

Aliás, simpatia é o que não falta na ilha. Os noronhenses são, em geral, bem humorados e sempre dispostos a dar informações e bater um dedinho de prosa com os turistas. Com sorte você encontra alguém para lhe contar uma das muitas lendas que povoam o imaginário local, ou algo sobre a história da ilha (veja texto adiante). Noronha foi presídio por muitos anos, até tornar-se base do exército norte-americano em 1957. Muitos ilhéus são descendentes de presidiários que não quiseram abandonar a ilha mesmo depois de libertos, e acabaram fazendo a vida por ali.

Para recarregar as baterias das aventuras do dia, relaxe assistindo a uma das interessantes palestras que acontecem todas as noites na sede do Projeto Tamar. Tubarões, golfinhos, tartarugas, peixes. A cada noite, um tema diferente é explorado pelos palestrantes. Se ainda tiver disposição, dirija-se ao Bar do Cachorro, na Vila dos Remédios, onde turistas e nativos misturam-se democraticamente sob as bençãos do forró, que começa a esquentar a partir das 23 horas e não tem hora para terminar.

Com águas cristalinas e bancos de coral, a praia do Sancho é um dos melhores pontos do Brasil para mergulho livre

Foto: Djalma Corrêa Pacheco

O mar verde-esmeralda da Praia do Cachorro: com recifes quebram as ondas antes que atinjam a areia

Foto: Djalma Corrêa Pacheco/

 

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