Tributo a José Moura Notari - 28/08/1928 - 15/08/2012

Estamos a celebrar os 60 anos da fundação do único campus universitário público de Presidente Prudente. Iniciado como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente, em 1959, passou por Instituto de Planejamento e Estudos Ambientais, e desde 1989 ostenta o nome de FCT (Faculdade de Ciências e Tecnologia) – denominação escolhida para passar a informação de que é um campus com as três grandes áreas do conhecimento. Um dos representantes da área das engenharias e ciências exatas é o atual curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura, iniciado como Engenharia Cartográfica em 1977.

A criação deste curso ensejou ao professor Seixas, insigne cartógrafo honorário, da Universidade Federal de Pernambuco, a frase: “só mesmo os paulistas com o seu espírito bandeirantista para criar esse curso tão longe da capital”. O senso de oportunidade e a cooperação dos professores Alvanir de Figueiredo e Marcos Alegre realizaram o empreendimento. Expandiram a área do campus e criaram o curso de Engenharia Cartográfica. Ousamos dizer que pensaram assim: “Geografia + Matemática = Engenharia Cartográfica”, o terceiro curso da fase unespiana do campus.

Nos seus primórdios, o curso careceu de especialistas em algumas matérias. Um dos expertos contratados para suprir as demandas específicas foi o engenheiro geógrafo José Moura Notari, ex-professor do Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro. Fixou residência nesta cidade e por seis anos assumiu na prática a coordenação efetiva das séries profissionalizantes, definiu rumos, traçou metas e conduziu a contratação de jovens engenheiros que iniciaram o corpo docente do departamento de Cartografia, hoje internacionalmente reconhecido. Formou as primeiras turmas de engenheiros cartógrafos prudentinos, de 1982 a 1985, e usando de seu prestígio abria as portas das empresas e organizações públicas para os estágios e primeiros empregos. Diariamente ele pensava a engenharia, agia na fotogrametria, e mirava a cartografia.

Um carioca há mais de mil quilômetros do Rio de Janeiro era um tanto incomum. Mas isso não o incomodava; mantinha-se firme e de bom humor. Aos domingos, infalível, estava ele com a família a almoçar no restaurante H2 – o point da época. Não raro era possível vê-lo utilizar-se do ônibus urbano, misturando-se aos estudantes e citadinos.

Durante a semana, nas salas de aula, laboratórios, salas de docentes, corredores, reuniões, enfim, onde quer que acontecesse uma atividade da engenharia cartográfica, a referência era o professor Moura. Entre austero e brincalhão, ele consolidava a sua liderança e fazia com que todos os estudantes e os jovens docentes sentissem a segurança da sua condução.

E chegou infelizmente o tempo de encerrar o seu contrato especial. No início de 1986 ele retorna com a família para o Rio de Janeiro e deixa na Unesp de Presidente Prudente o legado de um mestre inspirador, que sonhava e realizava, e que jamais será esquecido. O vicentino Alvanir, o piracicabano Marcos Alegre e o carioca Moura criaram e cuidaram dos primeiros passos do único curso de Engenharia Cartográfica paulista, posteriormente conduzido pelo espanhol José Martin Suarez, o professor Pepe.

Contudo, no período mais crítico da tenra infância, Moura soube com maestria pôr o curso em pé e ensinou-o a andar por suas próprias pernas. Após os 41 anos do curso de Engenharia Cartográfica, os mais de 780 engenheiros cartógrafos formados, somados aos 178 mestres e 60 doutores, reforçam no mapa do Brasil e do mundo a presença dessa cidade que soma à educação e a economia brasileiras. Grande mestre, exímios discípulos!

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