Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Ao longo da história, o TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) tem existido e muitas vezes não é reconhecido e tratado com o devido cuidado. Ele ganhou atenção ou foi observado primeiramente em veteranos do conflito do Vietnam. O principal sintoma do transtorno é a reexperiência ou revivência de um evento traumático. Os eventos traumáticos que precipitam este transtorno são extremos, incluindo desastres naturais, como inundações, terremotos, desastres acidentais (acidentes aéreos, incêndios) e desastres deliberados (guerras, torturas, campos de concentração, estupro, assaltos, sequestros duradouros ou sequestros relâmpagos).

A reexperiência pode assumir a forma de memórias dolorosas recorrentes do evento, sonhos ou pesadelos recorrentes sobre o evento, ou flashbacks, nos quais por algum período de tempo, geralmente minutos ou horas, mas às vezes com maior duração, o individuo revive o evento e se comporta como se estivesse experimentando o acontecido naquele momento. Tal fenômeno de reexperiência pode persistir por muitos anos após o evento.

Uma vitima do acidente ocorrido em 27 de janeiro de 2013, na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, reexperimenta até hoje a tragédia como se estivesse naquele lugar. Tem insônia e quando adormece tem pesadelos com o evento. Ele ainda acorda duas ou três vezes por semana com pesadelos terríveis. Além da reexperiência há muitas vezes um entorpecimento de responsividade geral ou envolvimento reduzido com o mundo externo. Psiquicamente há um comprometimento no interesse em atividades rotineiras, sentimento de desprendimento social e respostas emocionais embotadas quando não estão reexperimentando a experiência traumática.

Em suma, o individuo tem uma vida limitada e emocionalmente não aprofundada, pontuada em experiências emocionais intensas envolvendo o trauma anterior. Alguns outros sintomas que estão associados ao transtorno de estresse pós-traumático incluem hiperalerteza, problemas com o sono, culpa em relação a sobreviver quando outros não sobreviveram, problemas de concentração, evitação de atividades que suscitam memórias do evento traumático e estimulação intensificada quando da exposição a eventos que simbolizam ou se assemelham ao evento traumático. Muitos acontecimentos traumáticos muitas vezes não são assimilados no momento do evento, defesas como negação, racionalização, fuga da realidade, sentimento de “anestesiamento”, etc, acontecem.

Aos poucos as imagens vêm reverberando, como assinala Green, psicanalista, “O trauma não esta onde se esperaria que ele estivesse. Ele não se encontra no acontecimento, ele está em sua evocação a posteriori. É um tempo de latência...”. Não há duvidas de que esse transtorno é real e que aflige muitas pessoas, mas deve se ter o cuidado ao ser diagnosticado. Devemos tomar cuidado para não “sugerir” o transtorno ou usá-lo para explicar problemas correntes que podem se originar de outras causas. Também é importante pensar que, não podemos atribuir o Transtorno de Estresse Pós-traumático a todas as pessoas que sofreram por algum evento catastrófico.

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