Mesmo sob uma nova concessão, o transporte coletivo de Presidente Prudente segue mal avaliado pelos usuários. A principal justificativa para a desqualificação do serviço atualmente prestado pela Prudente Urbano é a baixa oferta de horários de ônibus. Para contornar o problema, munícipes solicitam um cronograma menos espaçado a fim de reduzir o tempo de espera nos pontos. A situação é agravada com a ocorrência de atrasos, que comprometem a chegada pontual dos passageiros em seus compromissos.
A reportagem conversou com 10 prudentinos para saber quais são suas reclamações e reivindicações a respeito do sistema. Após tomar conhecimento sobre elas, a advogada da concessionária, Renata Moço, informou que a companhia trabalha em conjunto com a Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública) para melhorar os itinerários de acordo com o contrato. “A empresa está passando por transição e, em breve, estes problemas serão equacionados”, expõe.
Entre os que dão nota 0 para o serviço, está a cuidadora Vera Lúcia Martins da Silva, 48 anos, que pede ônibus mais frequentes para melhor atender a população, a qual precisa esperar intervalos de 40 minutos a duas horas entre um veículo e outro da mesma linha. No momento em que conversou com a reportagem, a usuária já aguardava por um ônibus há 40 minutos. “Eles prometeram melhorias, mas não supriram minhas expectativas”, comenta. A aposentada Adagilsa Silva Oliveira, 62 anos, foi abordada enquanto deixava um supermercado da Cohab. Apesar de estar com as mãos carregadas de sacolas, a munícipe afirmou que preferia ir para casa a pé do que aguardar pelo transporte. “Não tenho coragem de esperar, porque os horários são péssimos”, argumenta.
O auxiliar de produção Luís Fernando Rocha Costa avalia o sistema com nota 2 por entender que a otimização do serviço está longe de ser alcançada. Ele aponta que, além da demora, muitos veículos passam superlotados ou com os letreiros pouco visíveis. “Eu já cheguei a perder um ônibus porque não enxerguei direito o itinerário. Vendo esses problemas acontecerem, me dá saudade da antiga Brasília [extinta prestadora do serviço em Prudente]”, relata.
A professora Kelly Amaral, 37 anos, se sente incomodada com a alta velocidade dos veículos e o “desrespeito” dos motoristas, que não esperam os usuários se acomodarem no ônibus antes de retomar seu curso, colocando em risco a segurança dos passageiros. Uma vez que trabalha como docente, observa que os constantes atrasos podem fazê-la perder até mesmo uma aula. Por esta razão, Kelly acredita que o serviço merece nota 4. “Diante de várias cidades pelas quais já passei, aqui deixa muito a desejar”, opina a professora, que menciona o modelo de transporte de Sorocaba (SP) como referência. “Não adianta mudar a cor, mas não mudar a qualidade”, completa.
Considerações
O aposentado Aparecido Barros, 60 anos, reconhece que, com relação à nova frota, os assentos trazem mais conforto para os passageiros. Por isso, conceitua o serviço com nota 5. A estudante Ana Carolina Monteiro Tavares, 19 anos, por outro lado, não viu diferença entre o antigo modelo de transporte e o atual. “Além da cor e dos bancos acolchoados, continua a mesma coisa”, considera a jovem, que qualifica o transporte com nota 6. Outros pontos positivos destacados pela auxiliar de linha de produção, Tatiana Oliveira Gonçalves, 39 anos, são a implantação de veículos com maior número de bancos e a redução da tarifa, que “embora baixa, faz diferença no bolso”.
A aposentada Helena Balsani, 70 anos, partilha a mesma opinião de Tatiana sobre a tarifa, por entender que a empresa tem custos de manutenção. Em contrapartida, lamenta a retirada dos cobradores dos veículos, situação que, segundo ela, sobrecarrega os motoristas e eleva o tempo de permanência nas paradas. “Os condutores ficam bastante atarefados”, enfatiza. Helena também solicita a implantação de pontos com cobertura nos trechos da cidade que ainda não dispõem do dispositivo, com o objetivo de trazer mais conforto para os usuários em dias de chuva ou sol muito quente.
Para a balconista Natália Nascimento Felipe, 19 anos, deveria haver um planejamento para evitar que mais do que dois ônibus passassem em um local ao mesmo tempo, pois isso tira as opções dos cidadãos que acabam por perder um deles. “Agora se você perde todos, fica sem alternativa até o próximo horário”, explica. Por fim, a atendente comercial Medly Cordeiro, 22 anos, reclama da falta de comunicação entre a empresa e o usuário, principalmente quando ocorre a mudança nas linhas. “Às vezes, você fica esperando o ônibus no ponto e descobre que, na verdade, ele mudou de horário. Como eu iria saber?”, questiona.
A reportagem também solicitou um posicionamento à Semav sobre a organização dos horários e a possibilidade de instalação de pontos com cobertura nos locais que ainda não são contemplados, contudo, não obteve resposta até o fechamento desta matéria.