Trabalhadores continuam em busca de diálogo

REGIÃO - ANDRÉ ESTEVES

Data 27/02/2018
Horário 13:18

"Não leve a mal, mas acabou a paciência", diz o primeiro verso da canção que embala o manifesto dos servidores públicos municipais de Regente Feijó. O refrão da música deixa claro o objetivo do grupo: “Cadê meu dinheiro? Me dá meu dinheiro”. Não só a “omissão” do Executivo incomoda as categorias, como também a falta de abertura para o diálogo. Isso porque, de acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Valdemir Alves da Silva, passada uma semana desde a deflagração da greve, o prefeito Marco Antônio Pereira da Rocha (PSDB) “ainda não demonstrou interesse em conversar com os trabalhadores”, sendo que é desejo de todos resolver o problema com celeridade, por se tratar de um município pequeno, onde os “professores são amigos das famílias e os motoristas são amigos dos universitários”.

“Queremos que a Prefeitura aceite a reivindicação, porque será muito doloroso se tivermos que buscar o Judiciário para tudo. O conflito jurídico é lento e a administração poderia resolver isso de forma amigável”, considera. Conforme determina a legislação, 30% dos serviços seguem em operação. “Achamos por bem não barrar todos os atendimentos porque a população não pode pagar pela omissão do Executivo”, diz Valdemir.

A professora de creche, Alessandra Cristina Penha, 41 anos, pondera que a greve foi a única solução encontrada pela categoria após inúmeras tentativas de diálogo com o prefeito, que “segue sem entender que o piso requerido está dentro do plano de carreira, portanto, é um direito do magistério”.

O motorista Érico de Oliveira, 40 anos, por sua vez, explica que os trabalhadores do serviço de transporte resolveram aderir à paralisação como forma de protestar contra a defasagem de 25% na revisão salarial dos funcionários. Ele salienta que a classe não objetiva prejudicar a população, mas reivindicar seus direitos e “manter sua dignidade”. “A greve é necessária para ver se o prefeito nos enxerga. Pedimos o apoio dos munícipes, porque se houvesse o cumprimento das metas pelo Executivo, nada disso estaria acontecendo”, relata.

Em entrevista ontem, na Prefeitura, o chefe do Executivo reforçou o aumento de 25% no tíquete de alimentação e a concessão dos 3% para a correção dos índices inflacionais. Disse que mais do que isso seria “inviável”.

 

Mães em casa

Enquanto a paralisação não chega ao fim, a camareira Joselma Fernandes de Amorim, 39 anos, precisa se desdobrar para cuidar da filha Pérola, de 10 meses. Ela trabalha à noite, então precisa abdicar das horas de sono durante o dia para estar com a pequena, que fica com o pai no período noturno. “As professoras nos disseram que é um direito delas, mas isso acaba nos prejudicando, querendo ou não. Espero que o prefeito resolva logo, pois não dá para continuar assim”, avalia Joselma, que julgava que a paralisação terminaria na sexta-feira.

A dona de casa Sueli Ferreira da Silva, 46 anos, por outro lado, faz bicos como passadeira, mas desde o início da greve, precisou recusar os serviços que aparecem para acompanhar o filho Pedro, de 2 anos e meio. “Agora só nos resta esperar”, pontua.

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