Thunders joga pela Copa Mogiana neste domingo

Embora a modalidade esportiva não seja tão popular no país, prudentinos investem em treinamentos, improvisam campo em busca de fomentar a prática

Esportes - OSLAINE SILVA

Data 24/08/2019
Horário 10:19
Tomaz Takak/Cedida - Para encarar a modalidade é preciso ter fôlego, pois jogos exigem explosão e velocidade
Tomaz Takak/Cedida - Para encarar a modalidade é preciso ter fôlego, pois jogos exigem explosão e velocidade

Uma modalidade esportiva não muito popular por esses lados do oeste paulista, ou melhor, no Brasil, mas famosa nos Estados Unidos, sendo tema, inclusive, de vários filmes comoventes, baseados em fatos reais. Se você é um daqueles que nunca assistiu a uma partida de futebol americano a não ser pela TV, o “trovão” estreia às 10h deste domingo no Estádio Paulo Constantino, o Prudentão! É isso mesmo, o Prudente Coronéis e Prudente Renegados se tornaram apenas um: o Trovão - Prudente Thunders, que joga agora pela Copa Mogiana de Futebol Americano.

Para explanar com mais clareza e riqueza de detalhes, a reportagem conversou sobre o assunto com o presidente da equipe, André Eloy Alves da Silva, 40 anos, que já foi o coordenador de defesa e capitão, agora responsável pelo special teams (time de especialistas). Neste campeonato, ele joga em três posições: defensive end, na linha defensiva, tight end, no ataque, e long snaper, no time de especialistas.

Sobre a junção dos dois times em um só, André explica que ambos não conseguiam disputar campeonatos por ter poucos atletas dos dois lados. Então surgiu a ideia, uma vez que o objetivo é elevar o conhecimento e desenvolvimento da modalidade esportiva em Prudente e região, além de aumentar o número de praticantes. Eles estão chegando com um time forte e competitivo, que na disputa do campeonato estadual SPFL (São Paulo Football League), no início do ano, ficou em quinto lugar.

“Nossa expectativa é sempre a melhor possível. Pode até parecer clichê dizer isso, mas não podemos fugir da realidade. Independente do resultado, o principal é causar uma boa impressão à nossa torcida. De um time unido e competitivo. Esperamos todos que apreciam o futebol americano a estar com a gente neste domingo”, enfatiza o professor de História, Luigui Guedes, 24 anos, que atua como jogador de linha defensiva e que é responsável em não deixar o jogo corrido do adversário ganhar territórios e também em pressionar o quarterback, que é o lançador do ataque adversário. Este jogador precisa ter muita explosão, força e velocidade.

Entrando com o time

De acordo com André, a principal distinção do futebol americano para o tradicional são os diferentes sistemas táticos usados em apenas uma partida. “No futebol americano, a gente vive para ganhar jardas ou tirá-las do adversário. Tem que estar 100% ligado no tempo, o que é uma semelhança com o rugby - que além do jogo de contato também não tem espaço para o cansaço”, frisa o atleta.

As partidas também diferem, sendo divididas em quatro tempos de 15 minutos, com o relógio sendo parado em passes incompletos ou jogadores saindo do campo em posse da bola. “Temos também o timeout [pedido de tempo técnico]. Cada equipe tem três timeouts no primeiro e segundo quarto de jogo, e mais três nos dois últimos quartos. Somados, uma partida dura de duas a duas horas e meia”, explica André.

Estratégias e planejamentos

O plano de jogo de uma partida de futebol americano, conforme o presidente, normalmente começa a ser implantado quando termina um campeonato. Tendo outro em vista, o time começa a fazer ajustes no que deu certo, mudam ou tiram jogadas e acrescentam outras. Ou seja, o plano de jogo geral é gradualmente refinado. Um playbook (livro de jogadas) pode conter inúmeras formações de ataque, defesa ou special teams. “Alguns times chegam a ter em seus playbooks em torno de mil jogadas. Cada time tem seu ponto forte no ataque [jogo aéreo ou corrido], mesma coisa na defesa [pode ser ótima contra jogo corrido e excelente em marcações por zonas ou forte nas blitze que é pressionar o quarterback]. Resumindo, altera-se e muito um time de um jogo para outro. Depende muito da forma que o adversário vai se mostrar em campo”, destaca o jogador.

Tem lugar para todos

André menciona que tem que ter fôlego, pois o treinamento é de muita explosão e velocidade, além de treinos em academia, cardiorrespiratório. Mas, algo bacana em um time de futebol americano é que, embora aparentemente seja tão “violento”, tem lugar para todos os tipos físicos, do baixinho, ao mediano e o mais alto. Assim como para o mais gordinho ou o fortão.

Ele diz que, muitas vezes, convidam alguém para treinar e a pessoa fala que não tem tamanho e nem porte físico pra esse esporte, “que vai chegar lá e os caras são todos grandes ou fortes e vão arrebentá-las”. “Já perdi as contas de quantas vezes ouvi esse tipo de argumento. Não é bem assim. Todo mundo consegue se encaixar no futebol americano, pois precisamos dos baixinhos  [normalmente são muito rápidos]; dos altos para as linhas defensivas e ofensivas ou até mesmo thigt ends; os magrelos são excelentes cornerbacks ou wide receivers, safetyes. Os pequenos e troncudos se tornam bons linebackers ou fullbacks. Então, depende da vontade e desenvoltura de cada um para jogar”, pontua o defensive end.

Dificuldades da modalidade

O presidente do Thunders salienta que a maior dificuldade do futebol americano no Brasil é a falta de patrocinadores, pessoas que acreditem no esporte. “Por conta de não ser algo popular, as pessoas não investem. Conseguimos apoio para um jogo ou um campeonato, mas nada que nos ajude a investir numa escola de football sub 19 ou flag football infantil. Falta esse olhar especial”, acentua.

Mas, isso não é motivo para os jogadores do Trovão desistirem. Em Prudente, por exemplo, não existe campo específico para a modalidade (109 metros), então, com autorização da Semepp (Secretaria Municipal de Esportes), conseguem o maior campo, adaptam as medidas reduzindo as jardas, pintando eles mesmos.

Adentrando no esporte

André comenta que nunca imaginou que um dia jogaria futebol por acaso. Por curiosidade. Ele conta que não entendia nada e tudo que aprendeu foi pesquisando e com ajuda de americanos que passaram por Prudente como o Jarret Bush (ex-jogador do Green Bay Packers) e também no ano de 2016, com o contato com um treinador americano, Kyle Linch.

“Foi uma experiência totalmente diferente para mim e outros veteranos que já jogavam há mais tempo. Hoje, dentro do Estado de São Paulo, a popularidade do esporte está aumentando, sempre aparece um time novo. Creio que essa falta de popularidade passará em breve, no Brasil”, acredita o presidente do Thunders.

POSIÇÕES

*Ataque

Quarterback

Wide Receiver

Running Back

Fullback

Thigt end

*Linha ofensiva composta por cinco posições

Center

Right Guard

Left Guard

Right tackle

Left Tackle

*Defesa

Cornerback

Linebackers

Strong safety

Free safety

*Linha defensiva composta por

DE - defensiva end

DT- defensive tackle

NT- Nose tackle

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