Teatro de sombras motiva pacientes trilharem outros caminhos na vida

Projeto trabalhado com dependentes químicos resultará em um espetáculo que será apresentado em dezembro, no Matarazzo

VARIEDADES - SANDRA PRATA

Data 12/08/2018
Horário 04:00
Cedida - Teatro de Sombras é um trabalho inédito realizado com os pacientes do Caps AD III
Cedida - Teatro de Sombras é um trabalho inédito realizado com os pacientes do Caps AD III

Buscar um propósito na vida. Incentivar isso é a missão do educador físico Alex Eduardo dos Reis Figueiras que aos 35 anos desenvolve há um mês o “Teatro de Sombras”. Com o apoio da Raps (Rede de Atenção Psicossocial) e dos Caps (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), o projeto almeja a construção de um espetáculo que será apresentado no dia 19 de dezembro no Teatro Paulo Roberto Lisboa do Centro Cultural Matarazzo, em Presidente Prudente.

Alex Figueiras, que também é cineasta, trabalha há dois anos com os abrigados do Caps AD III que é voltado para dependentes químicos. Segundo ele, as reuniões do projeto acontecem todas as sextas-feiras das 9h às 11h com aproximadamente 20 alunos de 25 a 55 anos. “Minha motivação vem do viés artístico que tenho. Já fiz teatro, tenho consciência da importância da arte na vida das pessoas, por isso, quis contribuir de alguma forma”, explica.

De acordo com o educador, a ideia central do teatro é reunir um compilado de trabalhos voltados para linguagem corporal, expressão e desenvolvimento da comunicação. “Quero ensina-los a se conhecerem melhor, conhecerem o mundo em que vivem, compreenderem melhor a vida e as pessoas com as quais se relacionam”, expõe.

Atrás das sombras

Conforme Alex, o espetáculo que estão produzindo traz a história de um homem que tinha uma vida e a família perfeita. Entretanto, ao perder a filha se afundou na bebida e foi perdendo tudo que tinha aos poucos. Porém, com o desenrolar da história ele consegue aos poucos recuperar a própria vida. “A mensagem para refletir é que mesmo que estejam no fundo do poço ou em situações que não vejam esperança, é possível se reinventar e sobreviver aos momentos ruins”, expõe o educador.

De acordo com ele, a própria história faz com que os assistidos se sintam motivados e identificados. “Nas aulas sempre procuro trazer algo para que pensem. Eles se identificam com a situação, então sempre frisamos que por mais que as coisas estejam difíceis vão conseguir sair dessa, pois são capazes de vencer”, ressalta.

Saindo do escuro

Sobre a apresentação no fim de ano, Alex toma a frente da organização e comenta que será uma chance de mostrar para a população prudentina o trabalho que desenvolvem todos os anos. “A função do teatro é trazer uma mensagem e a nossa é de mudança e superação. Espero que as pessoas que forem assistir não apenas entendam o nosso trabalho, mas também levem para as próprias vidas e se motivem”, almeja.

Além do espetáculo, o educador adianta que terão parcerias com as demais unidades do Caps que também apresentarão seus trabalhos. “Também fiz um vídeo contando nossa história, trazemos ex-pacientes que agora estão melhores, tudo para aproximar as pessoas da nossa realidade”, adianta.

Saúde e cultura

Alex espera unificar a qualidade de saúde mental dos seus alunos com a cultura. Segundo ele, ambas andam lado a lado. “Para ter saúde mental de qualidade, você precisa se conhecer melhor, conhecer seu papel no mundo. E a arte, a cultura em geral, proporciona isso, então juntar as duas coisas em uma única atividade é perfeito”, acentua.

Sobre planos para levar em frente o Teatro das Sombras, Alex afirma que tudo depende do retorno que terão a longo prazo durante este semestre. “Os pacientes receberam a inciativa muito bem, então acredito que a tendência é manter o projeto nos próximos semestres. Prova dessa ótima adesão foi a melhora de um dos alunos que em menos de um mês de atividades demonstrou isso”, menciona.

Segundo o professor, o paciente em questão era muito quieto e tímido. “Na última aula ele participou, expôs a opinião dele surpreendendo todo mundo. Foi ai que percebi que está valendo a pena”, alegra-se.

Inserção de mensagens

Alex diz que pretende deixar com o teatro, como principal mensagem: a esperança. De acordo com ele, a expectativa é induzir um espirito de mudança, fazer com que se identifiquem, se expressem, se comuniquem e trilhem novos caminhos na vida. “Quero provocar mudanças permanentes, transformar a situação deles. O que fica de absorção é a gratidão. Só tenho a agradecer desde que comecei meus trabalhos no Caps. Trabalhar com pessoas que vivem à margem de tantas coisas ruins, ver situações que até então eu não via é um serviço que me inspira a querer ajudar vidas”, ressalta.

“Para ter saúde mental de qualidade, você precisa se conhecer melhor, conhecer seu papel no mundo. E a arte, a cultura em geral, proporciona isso, então juntar as duas coisas em uma única atividade é perfeito”

Alex Figueiras

organizador do projeto

 

Serviço

A apresentação do espetáculo será no fim do ano, no dia 19 de dezembro, no Teatro Paulo Roberto Lisboa no Centro Cultural Matarazzo que fica na Rua Quintino Bocaiúva, 749, Vila Marcondes em Presidente Prudente.

 

Cedida - Oficinas com 25 alunos estão em fase inicial com criação de cenas todas as sextas

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