Sociedade deve conscientizar jovens sobre uso de drogas na universidade

EDITORIAL -

Data 26/03/2018
Horário 08:23

Uma moça de apenas 21 anos marcou sua história para sempre, por conta de uma eventual bebedeira além do limite que terminou muito mal. Era apenas uma entre tantas festas em repúblicas, dessas que ocorrem nas áreas que reúnem pensionados e residências divididas coletivamente por universitários, mas terminou como caso de polícia. Supostamente alterada pelo consumo de álcool, a moça teria ofendido, esbofeteado um policial e ainda danificado a viatura. Terminou a noite algemada.

É desolador esse cenário, sobretudo para pais que confiam na responsabilidade dos filhos que mal saíram da adolescência ao iniciar uma vida nova, completamente sozinhos, em outra cidade. É necessário o mínimo de confiança para permitir tamanha liberdade a estudantes que muitas vezes sequer completaram a maioridade. E pensar que a falta de controle e auxílio de um adulto responsável pode chegar a uma situação tão limite, preocupa muito.

Não é novidade o uso de drogas (lícitas e ilícitas) nesses ambientes. Tanto que neste ano, o Caps-AD 3 (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) realizou uma reunião com vários representantes de entidades para discutir a prevenção do uso de drogas lícitas e ilícitas por alunos de instituições do ensino superior. Chamou a atenção do órgão o fato de que, à medida que conquistam independência e liberdade, a vulnerabilidade criada pela distância da família pode potencializar mais o surgimento de uma dependência química, do que o amadurecimento propriamente dito.

Aqui, a discussão teórica a respeito de o homem ser essencialmente mal - como acreditava o filósofo inglês Thomas Hobbes - ou corrompido pela civilização - como pensava o iluminista suíço Jean-Jacques Russeau – é secundária. O fato é que o comportamento de um jovem nesse contexto completamente novo é imprevisível, de modo que o cuidado de pais e (por que não?), educadores, deve ser redobrado. As próprias universidades precisam se atentar mais para essas práticas e, de alguma forma, buscar a conscientização dos jovens sobre o risco de vida que podem estar levando.

O ambiente acadêmico deveria ser uma época de experimentação intelectual, expansão da mente e quebra de preconceitos por meio do contato com outras realidades. No entanto, o que vemos hoje é um espaço puramente pervertido para o deleite das mais degeneradas intenções humanas. O papel de recuperar as rédeas do que se tornou uma perversão generalizada envolve a família, a academia e o poder público – o qual, inclusive, já demonstra esforço nesse sentido. Não se trata de moralismo, mas da compreensão de que não podemos tratar adolescentes como adultos e esperar que algum bom resultado saia disso.

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