Em uma das reuniões de pais de que participei, os professores relataram as dificuldades em concorrer pela atenção dos alunos com os smartphones em sala de aula. Logo a discussão estava acalorada: alguns pais deixavam claro que continuariam mandando os celulares, outros criticavam os primeiros e outros ainda sugeriram um bloqueador de sinal de celular na escola. Estava claro que os aparelhos se tornaram vilões do processo ensino-aprendizagem. O professor Osmar Nina Garcia Neto no artigo “Smartphones e a aprendizagem significativa”, tem outra visão sobre esta questão: “Não é o smartphone e sim a dificuldade que os professores têm em incorporar a tecnologia à didática”.
O professor esclarece que a mobilidade e a tela, que permite escrever e ler com relativa facilidade, podem ser usados positivamente no processo ensino-aprendizagem. “Não custa lembrar que o ambiente da sala de aula resiste às inovações. Continuamos ensinando como nossos avós. Aulas expositivas, uso do quadro, giz e livro texto. A escola por sua natureza é conservadora. É a última a incorporar as novas tecnologias e preparar alunos para um mundo que não existe mais”.
Claro que o professor está certo, embora tenha visto esforços das escolas para acompanhar tais mudanças. São aulas de robótica, programação, feiras de ciência permeadas com tecnologia, materiais virtuais que complementam o material didático padrão, entre outros. Mas, tenho que concordar que o uso do smartphone em sala de aula ainda é algo que está endemonizado pela maioria.
Osmar Nina Garcia Neto deixa claro que é possível incorporar o celular em todas as áreas do conhecimento, desde que tudo seja feito de forma estruturada, planejada, monitorada e avaliada. O pesquisador tem algumas sugestões de como implantar a tecnologia: “O educador poderia pedir para os alunos - via whatsapp - para fotografarem as formas geométrica de prédio e casas, ao longo do trajeto até a escola. Escrever versos, via Twitter, para seus colegas. Organizar, através de um software de autoria multimídia, uma campanha de prevenção ao mosquito Aedes Aegypti ou soluções compartilhadas para redução do consumo excessivo de água, energia, etc”.
A infinidade de possibilidades de uso do smartphone para fins pedagógicos vem ao encontro com a necessidade de aumentar o nível de interesse dos alunos pela escola e, com isso, o desenvolvimento do nosso país. Portanto, se bem contextualizado, o smartphone é um dos recursos contemporâneos capazes de melhorar o aprendizado dos nossos alunos. Para tanto, é preciso “virar a chave” no planejamento das aulas para promover o smartphone de vilão a herói!