Ser o último...

OPINIÃO - Marcos Alves Borba

Data 05/02/2020
Horário 06:07

Todos nós de alguma maneira, por mais simples que possa ser uma situação, não nos sentimos bem quando somos deixados para depois, isto é, escolhido para ser o próximo. Naturalmente, quando adultos, podemos até suportar, quando isso acontece numa fila de banco, em um mercado, numa recepção de qualquer que seja o serviço, até mesmo numa determinada partida de qualquer que seja o esporte. Suportamos até por certo tempo, não nos sentimos tão confortáveis, quando ficamos a espera de ser chamado depois. Mas quando se trata de uma criança ou até mesmo um adolescente, isso não fica tão simples assim como tentamos imaginar.

Tempos atrás, uma matéria que falava sobre o trauma de uma criança, por ter sido escolhido por ultimo num time de futebol, na hora da educação física, por exemplo. Segundo um professor especialista em formação de docentes, David Barney, da universidade americana Brigham Young, nesse momento "desconfortável" em que professores ou alunos selecionam os jogadores - publicamente, anunciando um de cada vez - para formarem as equipes de uma disputa esportiva, pode haver um impacto emocional profundo para os alunos.

A sugestão dele, então, é que seja feita a escolha no privado. Ok. Interessante. Mas, talvez esse não seja o ponto central da questão. Estamos falando de, mais uma vez, criar uma bolha de proteção excessiva em torno de crianças. E sem sombra de dúvidas que os pais de hoje, naturalmente, devido as suas novas experiências procuram perpetuar de maneira excessiva o que verdadeiramente pode ser o melhor para seus filhos. Ok. Normal quando a cria sem nenhuma perspectiva de escolha recorre a sua proteção. Mas ainda continuamos a criar situações indefesas sem lhes dar a mínima opção de se desafiar diante de situações adversas que lá fora o mundo irá lhe cobrar. Independente dele ser o primeiro ou ser o último.

Estamos diante de uma massa de crianças e adolescentes encubados por seus gênitos, acreditando que ainda irão proliferar forças de manter por muito tempo suas crias, de que são eternos de suas proteções. Quando os pais falham na função de educar o filho e dar a ele bases sólidas e bons conselhos, só resta mesmo colocar dentro de uma bolha e proteger de tudo e todos.

 

 

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