Enquanto acompanhava o trabalho dos sentenciados na Escola Estadual Francisco Pessoa, no Conjunto Habitacional Ana Jacinta, em Presidente Prudente, a reportagem conversou com alguns deles, que cumprem pena em regime semiaberto da Penitenciária Wellington Rodrigo Segura, do distrito de Montalvão. Entre um corredor e outro, foi possível observar o respeito que eles têm um com outro, em função de manter o bom comportamento na unidade prisional, o que os levaram ao projeto “Escola+Bonita”.
Há dez anos no sistema penitenciário, R.A.L, de 40 anos, diz que vê uma oportunidade para voltar à sociedade “como uma pessoa normal”. “Imaginava o meu futuro numa cama, dormindo e sozinho. Agora mudou! Hoje, estou numa escola, trabalhando, porque abracei a chance oferecida”, afirma. De acordo com o sentenciado, os familiares também se sentem felizes em ver que a vida dele está tomando outros rumos.
A família de C.L.L.T, de 44 anos, também acompanha as mudanças em sua vida. Conforme o reeducando, o sofrimento compartilhado durante 26 anos de privação da liberdade serviu para que buscasse alternativas diferentes ao sair do cárcere. “Estou me preparando para o retorno em sociedade, tenho consciência de que ainda sou um tutelado do Estado, mas a um passo de me tornar um cidadão novamente. A cadeia só trouxe dor e sofrimento, e quero retomar o caminho do bem”, explica. “Vou investir meus sentimentos, energias e o coração”, ressalta.
V.G.S, de 42 anos, explica que a vida na prisão não é fácil, mas que vê mudanças comportamentais em pouco mais de um ano preso. “Não acreditei que o curso fosse ser bom, mas na parte prática percebi que é fácil e vou poder levar para fora da prisão”, diz. “O projeto ajuda bastante, não apenas a me reeducar e reorganizar a minha história, mas em todos os aspectos pessoais”, considera V.S, de 32 anos, complementa: “Pra quem achava que tudo estava perdido, veio a luz ao fim do túnel”.