Em meio aos quadros expostos nas paredes do Centro Cultural Matarazzo, que mostram a restauração do próprio espaço, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) usou uma analogia com as pinturas, para relatar a “reconstrução política que deve ser feita no país”. Essa e outras falas antecederam a palestra realizada por ele, na tarde de ontem, em Presidente Prudente. Com o tema “A Ética e Política”, acompanhado do jurista Luiz Flávio Gomes, ambos analisaram a situação do cenário político nacional, além de realizar um prognóstico para 2018, ano marcado por eleições presidenciais.
“Estamos em um ano decisivo para o futuro do Brasil. Essa, sem dúvida, é a eleição mais importante desde a redemocratização do país”. É com essa análise que o senador justifica a importância de se debater temas como esse em sociedade. O discurso, durante o encontro, segundo ele, foi sintetizado na reconstrução da política. “Estamos pregando a reforma do Estado brasileiro, que precisa ser mais enxuto, econômico e competente. Hoje, o sistema atual se mostra incapaz de resolver os problemas da população, porque ele existe apenas para a preservação do poder de quem o governa”, pontua.
E esta ideia de reforma precisa acontecer em 100 dias, para que se tenha mais possibilidade de convencer a população. População essa que Álvaro diz estar descrente. Ele usa a Operação Lava Jato para ilustrar isso, pois com o fato de ter modelos governantes derrubados e “falcatruas” escancaradas, abriu os olhos da sociedade. Com isso, ele garante que tem sido “difícil” de fazer política, uma vez que a “impressão é que realmente há uma rejeição geral à política e aos políticos”.
Ainda de acordo com ele, isso muda a partir do momento que o político se aproxima da comunidade. Em contato com as pessoas, o senador diz ver uma parcela da sociedade que ainda é inteligente e quer separar o joio do trigo. “A descrença se alargou de tal maneira que não é uma tarefa fácil. Mas é importante que a população assuma o papel de protagonista. Para 2018, se a escolha for infeliz, o Brasil continuará sangrando”.
Julgamento
Questionado sobre os impactos políticos e econômicos que a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lua da Silva pode acarretar, julgamento que ocorre hoje, Álvaro expõe que a mudança é mais institucional. “Nós passamos a ter a consagração de um novo conceito de justiça. Verificamos avanços importantes, no qual a justiça alcança barões da corrupção e políticos de expressão nacional”, diz.
E agora chega a um ex-presidente da República, conforme o senador. “A condenação do ex-presidente Lula é a consagração da mudança desse conceito de justiça, que se concretizará se acabarmos com o foro privilegiado”. Para ele, a eliminação desse privilégio que “coloca no pedestal mais de 54 mil brasileiros que são autoridades” é a reformulação ideal para acabar com essa possibilidade, que “é o paraíso da impunidade”.
