Sem reajuste, servidores do Itesp decretam greve

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 10/03/2018
Horário 11:24

Em assembleia geral realizada na capital paulista, na manhã de ontem, funcionários da Fundação Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) decretaram a greve da categoria, que deverá ser ratificada mediante a realização de referendo nas bases regionais. Somente depois disso, a data de deflagração será definida. A decisão foi tomada após o governo do Estado não atender a pauta de reivindicações dos trabalhadores e descumprir o reajuste salarial de 3,5% anunciado. A classe se mantinha em estado de greve desde 20 de fevereiro, sendo que 120 servidores faziam a adesão no Pontal do Paranapanema.

No início da tarde de ontem, o Itesp informou que, na quinta-feira, o secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Márcio Fernando Elias Rosa, se reuniu com a diretoria executiva do órgão e os trabalhadores para informar que o pleito de reajuste salarial está nas esferas superiores do governo do Estado para deliberação.

Na carta divulgada pela Afitesp (Associação dos Funcionários do Itesp) e Sindafitesp (Sindicato dos Trabalhadores do Itesp), as entidades afirmam que, ao longo de quase 17 anos de existência do órgão, os funcionários acumularam perdas salariais de mais de 51%, sendo 24% nos últimos quatro anos. Mencionam que, de março de 2017 a fevereiro de 2018, os trabalhadores completaram mais um ciclo anual sem reposição, uma vez que não houve a efetivação daquela referente ao período de março de 2016 a fevereiro de 2017. Já de 2001 a 2018, não houve cumprimento do PCCS (Plano de Carreira, Cargos e Salários).

“Chegamos ao cúmulo de muitos servidores se encontrarem no mesmo nível salarial em que ingressaram há quase 17 anos, isto é, nível I inicial, ‘sem experiência’”, comentam. A categoria possui ainda uma defasagem de 168 servidores, mesmo após três concursos, feitos nos anos de 2000 (sub júdice), 2008 e 2013. “Este último, que caducou no dia 14 de fevereiro deste ano, teve evasão de 50% dos 129 convocados. E nossa pauta de reivindicações com 26 itens é seguidamente ignorada”, completa.

O documento ainda expõe que as entidades têm informações de que “a maioria absoluta dos trabalhadores e trabalhadoras da Fundação Itesp está endividada, com empréstimos consignados em folha de pagamento, no Banco do Brasil e em outras instituições financeiras, pagando exorbitantes taxas de juros”. Isso porque, em 2001, os profissionais recebiam, em média, dez salários mínimos, enquanto, hoje, não ganham quatro salários mínimos de referência nacional. “Em que pese o compromisso político dos trabalhadores do Itesp com os excluídos da cidadania no campo e outros públicos vulneráveis, é inegável o desânimo frente à falta de interesse [do governo] em resolver os problemas salariais, de benefícios, de evolução na carreira profissional, de condições de trabalho e emprego”, pontua a carta.

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