Sem incentivos do governo, crise no setor cerâmico fica longe de acabar

EDITORIAL -

Data 13/06/2018
Horário 04:30

A crise econômica atravessada pelo país nos últimos anos trouxe reflexos em diferentes setores, ocasionando diminuição da produção, baixa comercialização e, consequentemente, demissões e fechamento de empresas. Com as cerâmicas não foi diferente. Como acompanhado por este diário, o enfraquecimento do setor na região já é uma realidade que acontece há muito tempo. Entre as principais dificuldades relatadas estão a alta concorrência com outras regiões do Estado, a queda nas vendas em função da baixa demanda no ramo da construção civil, a deficiência na logística de transporte, impactada pelo aumento no preço dos combustíveis, e as altas nas contas de energia. Com isso, muitos proprietários se veem obrigados a fechar as portas.

Conforme matéria publicada na edição de ontem, de janeiro a maio, cinco cerâmicas encerraram suas atividades em seis cidades do oeste paulista, gerando a demissão de aproximadamente 130 funcionários diretos. O número dos cinco primeiros meses já se aproxima do total de empresas desativadas em todo o ano passado, quando cerca de oito interromperam os serviços.

Para lidar com as despesas, as que ainda tentam se manter de pé adotam uma série de medidas preventivas, que se resumem a economizar mais e produzir menos. Reduzem a produtividade, diminuem o quadro de funcionários, se viram como podem, na esperança de que dias melhores virão. Mas isso não basta. A crise no setor está longe de acabar se nada de efetivo for feito ou nenhuma atenção do governo for dada. Na tentativa de minimizar este cenário, a Incoesp (Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista) se reuniu, na última semana, com representantes da Desenvolve São Paulo (Agência Paulista de Desenvolvimento), visando conseguir financiamento para implantação de um sistema fotovoltaico em empresas da região. A adesão garantiria uma redução de até 90% na conta de luz, já que as cerâmicas se tornariam autossuficientes na geração de energia elétrica.

O que cada uma delas precisa lembrar para se animar e continuar lutando por este, entre outros incentivos, é que o lucro gerado depois pela economia de energia pagaria este alto valor investido agora no início. Um investimento que deve ser realizado, pensando única e exclusivamente na recuperação do setor. Se a linha de crédito for liberada, o sistema pode ser viabilizado dentro de seis meses.

O caminho está aberto e o apoio do governo é fundamental. Algo tem que ser feito. É uma crise que, direta ou indiretamente, acaba afetando a todos. Sem a produção local, por exemplo, a quem recorremos? Há produtos de fora que, com certeza, chegariam mais caros por aqui. Não podemos ficar parados, vendo empresas falindo, pais de família ficando sem emprego e sem renda. A vida útil dessas indústrias reflete na economia de todo o oeste paulista. 

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