As mulheres entre 20 e 40 anos são as mais atingidas pela doença neurológica crônica de origem autoimune. A informação é do neurologista Carlos Antônio Scardovelli, que cita ainda que os principais fatores que contribuem são os hormonais e emocionais que conseguem alterar o sistema imunológico do público feminino. Em nível nacional, de 25 a 30 pessoas numa população 100 mil habitantes sofrem com a esclerose múltipla, enfermidade que pode agredir o sistema nervoso central ou a medula vertebral.
O neurologista explica que em Presidente Prudente, de 225.271 pessoas, a chance de 60 a 90 munícipes terem a doença é grande. “Apesar disto, a incidência maior é no sul do país, já que foi comprovado que os brancos são mais suscetíveis à doença. E em países europeus também é bem comum por causa do clima mais frio e da pouca aparição de luz solar”, analisa o médico. Por ser uma enfermidade que não é genética ou infecciosa, ele comenta que o sistema imune começa a atacar as proteínas do cérebro, principalmente a mielina, tecido que protege fibras nervosas.
“Com a deterioração da mielina e de outros fatores, tanto em homens como em mulheres, os sintomas mais perceptíveis são: perda de visão temporária, paralisia em alguma parte do corpo, alteração na fala, cansaço excessivo, transformações na sensibilidade da face e perda de memória”, exemplifica o especialista. No começo da doença, a pessoa pode confundir com o AVC (acidente vascular cerebral) e não procurar assistência para o devido diagnóstico precoce, segundo o médico neurologista. “Quando ela percebe os sintomas, pensa que é derrame e, logo depois de 24 horas que os sinais já não surtem efeitos, a pessoa não procura o médico”, comenta.
Por ser uma enfermidade crônica, a esclerose múltipla não tem cura. Assim, ela pode se desenvolver como apenas um evento clínico isolado, em que os sintomas aparecem só uma vez na vida; pode ser um surto remissão, depois evoluir para o estágio da primariamente progressiva e, por último, para a secundariamente progressiva, de acordo com o médico neurologista. “As chances de óbito são altas quando começa de maneira gradativa e, principalmente, quando o enfermo já vai direto para o estágio da primariamente progressiva”, afirma ele. Entretanto, apesar de não ter cura, os tratamentos são opções para controlar a doença.
“Existem injeções que são aplicadas na barriga e que auxiliam a controlar a resposta do sistema imune, medicações avançadas indicadas por prescrição médica, uso de anticorpos e tratamento multidisciplinar composto por fonoaudiólogo, psiquiatra, terapeuta ocupacional, entre outros. Cada um com um grau de efetividade para cada indivíduo”, ressalta o especialista, e destaca que anualmente recebe em média de 3 a 5 pacientes com esclerose múltipla.
Superação
A estudante de Gestão Financeira, Pâmela Teodoro, 22 anos, descobriu a doença em agosto do ano passado, um dia antes de fazer aniversário. “Antes, eu sentia muita dor de cabeça, sempre fazia exames médicos e nada indicava que eu tinha isso. Na época, fiquei assustada quando perdi a visão do olho esquerdo por duas semanas”, recorda Pâmela.
Depois de uma bateria de exames e ir atrás de um profissional da área, a estudante descobriu que tinha esclerose múltipla e iniciou um tratamento que consiste em aplicações de injeção duas vezes por semana. “No começo é muito complicado aceitar a sua situação, mas não podemos parar a vida por causa disso. Parei de trabalhar para não prejudicar a minha condição e agora faço faculdade e cursinhos”, comenta a estudante, ao ressaltar que ainda sofre pequenas dores no corpo e nas articulações.
Para manter a qualidade de vida, o médico neurologista orienta a fazer atividades físicas, “tomar banho de sol regularmente” e manter um estilo saudável na alimentação. “Tudo isso é válido, apesar de não existir uma fórmula que garanta que a pessoa não terá essa doença”, expõe.