Sem área especifica, ciclistas se arriscam no trânsito de PP

Atletas e representantes da categoria alertam sobre as necessidades imediatas da implantação de condições ideais para o melhor desenvolvimento do esporte

Esportes - PAULO TAROCO

Data 26/07/2017
Horário 14:29
Marcio Oliveira, Ciclistas se arriscam por ruas e rodovias da região durante os treinamentos, por falta de um local específico
Marcio Oliveira, Ciclistas se arriscam por ruas e rodovias da região durante os treinamentos, por falta de um local específico

Além da dedicação, disciplina e determinação exigidas por qualquer modalidade esportiva, os representantes do ciclismo de Presidente Prudente precisam dividir o foco nos treinamentos com outro requisito. Sem um local específico para os treinos, os atletas da cidade se arriscam nas ruas e rodovias da região, com a atenção redobrada com a segurança.

Mesmo com o anúncio das obras de melhorias na pista de atletismo do Centro Olímpico, com a alteração para o uso de ciclistas e pedestres, anunciadas pela Semepp (Secretaria Municipal de Esportes) em junho, a dificuldade no convívio entre ciclistas e motoristas continua durante os treinos. Por isso, atletas e representantes da categoria alertam sobre as necessidades imediatas, não paliativas, da implantação de condições ideais para o melhor desenvolvimento do esporte.

Treinador da equipe Boscoli Competições, Éber de Almeida Boscoli ressalta a dificuldade no convívio entre motoristas e ciclistas, principalmente durante os treinamentos dos atletas de alto rendimento, que precisam treinar nas ruas, uma vez que a cidade não conta com um velódromo ou espaço adequado para prática. “Como não temos local para o treinamento dos atletas de alto rendimento, precisamos dividir as ruas e rodovias com os carros. Sabemos dos riscos, mas, por amor ao esporte, encaramos esse desafio”, comenta o técnico.

Éber Boscoli, inclusive, é também um dos responsáveis por pleitear a construção de um espaço voltado ao ciclismo na cidade. “Além da falta de condições, sentimentos também pela falta de paciência mostrada pelos motoristas no trânsito. Paciência, esse também tem sido um problema, precisamos de mais conscientização e respeito”, avalia.

 

Respeito

Atleta e um dos treinadores da equipe Pastorinho/Liane/Semepp, Maurício Lobo também destaca a necessidade de maior respeito no convívio entre ciclistas e motoristas. Ele cita até mesmo um fato recente que aconteceu com alguns integrantes da equipe durante os treinamentos. “O motorista de um ônibus passou a poucos centímetros dos ciclistas, desrespeitando a distância legal. E ainda acelerou para jogar o veículo a nossa frente e estacionar no ponto, que estava a poucos metros, fechando nossa passagem”, conta o representante, que reforça que fatos como esse são frequentes na rotina dos ciclistas, o que justificaria ainda mais a necessidade de um espaço exclusivo da modalidade.

Ciclista há mais de cinco décadas, Deoclécio Ferreira Lobo, 69 anos, representa a cidade desde os 15 anos e, ao longo deste período, incentivou o surgimento de vários esportistas prudentinos na modalidade. Ele conta que treina três vezes por semana, sempre na parte da tarde, na estrada vicinal que liga a Rodovia Raposo Tavares (SP-270) ao distrito de Coronel Goulart, e explica que “tal prática só é possível, pois a vicinal é utilizada há muitos anos pelos ciclistas para a prática, por isso já ficaram conhecidos pelos moradores e frequentadores do distrito”. “Em qualquer outra rodovia ou vicinal da região seria impossível”, afirma Deoclécio Lobo.

O experiente ciclista relata que tem receio e “evita treinar pelas ruas de Prudente” e, com base em sua trajetória de mais de cinco décadas no esporte, reafirma a necessidade de um “espaço adequado aos ciclistas de alto rendimento, que ajudaria na segurança e no desenvolvimento e qualidade do esporte”. Até que isso ocorra, o respeito entre todos os envolvidos na questão que vai além dos aspectos relacionados ao trânsito. “É necessário todos se conscientizarem, os ciclistas e também os motoristas, pois muitos enxergam ali somente alguém em cima de uma bicicleta e não uma pessoa, um ser humano, é necessário maior consciência de todos”, completa.

Publicidade

Veja também