Rumo pede interrupção de obras na área central e promete “medidas cabíveis”

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 25/04/2019
Horário 19:52
José Reis - Postura contrária da Rumo sucede início da demolição dos imóveis sob o viaduto
José Reis - Postura contrária da Rumo sucede início da demolição dos imóveis sob o viaduto

A Rumo/ALL (América Latina Logística) informa que, caso a Prefeitura de Presidente Prudente dê sequência às obras de intervenção urbana na faixa de domínio da ferrovia, tomará “medidas cabíveis” em relação ao caso. Isso porque, de acordo com a empresa, a administração municipal não tem autorização para executar os serviços propostos para as imediações da linha férrea, onde está localizado o Shopping Popular, o camelódromo. A permissão concedida ao município dizia respeito somente à construção de uma ciclovia, já que a execução de alguns dos outros empreendimentos não atende às normas regulamentares da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). “Conforme determina a NBR [Norma Técnica Brasileira] 15.680, é proibida a construção de passagem em nível dentro de pátios ferroviários”, expõe.

Embora a companhia tenha solicitado a interrupção das obras, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) reforça que a demolição dos imóveis sob o viaduto Comendador Tannel Abbud, iniciada na quarta-feira, continuará normalmente. Em nota, a pasta diz receber “com estranheza” a informação de que tenha havido qualquer postura contrária da Rumo em relação à obra em andamento. Em contraposição à afirmação da companhia, a municipalidade ressalta que, desde 2017, há um acordo entre o município e a empresa, inclusive com o pagamento de um valor de R$ 24 mil, para que a Rumo autorizasse a demolição dos muros, além da construção de um boulevard e de uma ciclovia em torno da linha férrea.

Em reportagens veiculadas anteriormente por este diário, a administradora dos trilhos já havia deixado claro que um aditivo contratual assinado no dia 13 de fevereiro de 2017 previa o uso da faixa de domínio para a implantação de uma ciclovia. Em contrapartida, o município ficou responsável pelos serviços de roçada no local.

Brecando o desenvolvimento

Procurado, o presidente da UEPP (União das Entidades de Presidente Prudente e Região), Marcos Antônio Carvalho Lucas, pondera que a Rumo é, atualmente, um “grande entrave para a região” e tem “freado o desenvolvimento local de forma exponencial”, considerando que não demonstra interesse em recuperar o transporte ferroviário e nem repassa a concessão. “Pelo contrário, a ideia da empresa é estender a concessão por mais 30 anos, mediante um valor bem abaixo do que os trilhos valem”, argumenta.

O representante aponta que, não bastando isso, a companhia quer agora “brecar” os projetos da Prefeitura, que, a seu ver, não pretende colocar os empreendimentos em cima dos trilhos, mas às suas margens. “Gostaríamos que a empresa viesse a público para dizer que não deixará as obras irem em frente porque tem interesse de retomar o trem, mas não parece ser este o caso”, avalia.

Tentativa de modernização

O pacote de obras que busca a remodelação e modernização de determinados espaços do quadrilátero central da cidade, entre os quais está incluso o camelódromo, foi anunciada em dezembro de 2017. O projeto previa a ligação do calçadão da Rua Tenente Nicolau Maffei com a Vila Marcondes, que deveria incluir a extensão da pavimentação destinada aos transeuntes do centro; a conexão das ruas Julio Tiezzi e Gaspar Ricardo; reforma e troca de piso em toda a área central, implantação de mobiliários urbanos e melhoria na acessibilidade; e a instalação de um boulevard e uma ciclovia paralela à linha férrea, com extensão de 13 quilômetros, além da demolição do muro entre a Floriano Peixoto e a malha ferroviária.

Na quarta-feira, a administração iniciou a demolição dos imóveis localizados sob o viaduto Comendador Tannel Abbud, cujos trabalhos devem levar em torno de duas semanas. Conforme informações da Secom, esta é mais uma etapa do projeto de revitalização do Shopping Popular e conexão da região central com a zona leste. “Sob o pontilhão, será instalada uma praça de alimentação, que acolherá os boxistas que atuam no ramo alimentício e que, por ora, estão fora da proposta original do camelódromo”, esclarece.

 

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