A Copa do Mundo já começou e o sentimento de animação que, antes era tímido, cada vez vai se mostrando mais. Em Álvares Machado, não é diferente. Em uma das ruas do bairro Jardim Horizonte, Rosival Costa, torcedor apaixonado por futebol, colocou a mão na massa e decorou um quarteirão com as cores da seleção brasileira. O azul, o verde e o amarelo estão nos postes, calçadas, guias e até nas árvores, tudo isso para que o clima da competição esteja presente no Brasil que, segundo ele, está “muito desanimado”.
Ex-morador de São Paulo, a ideia surgiu a partir do momento em que Rosival percebeu que a cidade não iria se “vestir” para o evento mais importante do futebol. “Lá [São Paulo], nós interditávamos a rua, todos colaboravam, molecada e adultos. Mas aqui, uns conhecidos disseram que não iam fazer, então eu resolvi tentar. Foi, como dizer, coloquei a cara”, explica.
O trabalho, apesar de ter começado e terminado por Rosival, teve contribuição de todos que moram no local, com tintas e materiais que foram usados. “Eu que fiz a pintura da rua toda, às vésperas da Copa, mas meus vizinhos colaboraram para que tudo fosse feito, sem problema nenhum, só o que faltou eu tirei do meu bolso”, conta. Entre os que ajudaram, está Maria Aparecida Curadete, que achou a ideia, desde o começo, “animadora”. “Achei bem diferente, porque nunca tivemos isso aqui e ele foi o primeiro que chegou e teve essa ideia de lá onde ele morava, mas no final ficou bem legal, bem colorido”, declara.
Segundo Rosival, o desânimo da população tem explicação: a atual situação do país. “A gente não pode misturar as coisas, mas o brasileiro anda descrente com tudo, e isso, querendo ou não, influência também no futebol. Então esse ano o pessoal está meio desanimado, mas é aquele negócio, se a gente for abaixar pra tudo, desanimar, não se faz mais nada”, enfatiza.
Sobre a seleção
Apaixonado por futebol, Rosival conta que se decepcionou com o primeiro jogo do Brasil na Copa, diante da Suíça e, para ele, apesar da boa defesa e bom ataque, o problema está no meio de campo. “Em outras épocas, tínhamos um meio de campo que marcava bem e distribuía as bolas para os atacantes, agora não, tem a bola da vez que é o Neymar. Mas não! É ele e mais dez”, declara. Para ele, o camisa 10 da seleção está longe de ser um jogador coletivo, e isso acaba atrapalhando o time comandado por Tite.
“Nós gostaríamos que ele dominasse e tocasse mais a bola pros colegas, mas eu acho que ele não vai mudar muito o jeitão dele. Infelizmente ou felizmente, ele continua muito individualista. Em lugar nenhum o individualismo leva a algum lugar. Não adianta querer peitar sozinho e o Neymar é craque, mas falha nisso”, enfatiza.
Sobre a seleção, a expectativa é de que passe a fase de grupos, mais nada, além disso, já que pode encontrar times europeus fortes pela frente. “Cuidado com o que vem pela frente, pois os times europeus começam a complicar. Claro que a gente confia, a gente quer bons resultados, mas vai ser difícil”, pontua. Uma das frases escritas na rua, logo ao lado da casa de Rosival, traduz o que o torcedor espera da equipe para se superar. “Escrevi e peço raça ao Brasil, para que nos animem pelo menos no esporte”, destaca.