Sol de 30º C, expressões cansadas, marcas de protetor solar e faixas e fitas nos pés, com a intenção de evitar bolhas. Em um percurso iniciado em Caiuá, na segunda-feira, foi neste cenário e com essas características, que cerca de 100 romeiros iniciaram a Romaria de Santo Expedito, que marca uma tradição religiosa. Em alusão ao dia do santo, comemorado amanhã, juntos, eles vão marchar durante três dias e aproximadamente 100 km, com chegada prevista para hoje à tarde em Santo Expedito. Seja em silêncio ou oração, a atitude tem sido cumprida, diante de um propósito criado há oito anos.
Para ser mais exato, essa é uma tradição que foi inventada em 2010. O organizador Francisco Angelo de Sousa, 54 anos, conta que a intenção de tudo, lá trás na história, foi de promover, à região, um fato turístico e religioso.
E o trabalho tem sido realizado por munícipes que apoiam a causa. Nos bastidores de tudo, como em todos os anos, ainda há outras 100 pessoas que apoiam e dedicam esforços para que a ação possa realmente acontecer. “São gente do bem, que sem dúvida alguma, não seria possível as coisas acontecerem sem elas. São pessoas que nos ajudam com mantimentos, preparo de alimentos e locais para ficar e passar a noite”, explica.
Detalhes esses que são discutidos dias antes da Romaria. Mas uma vez discutidos, tudo pode ser feito. E assim se fez, por mais um ano. Entre terra e asfalto, são quatro pontos fixos: Caiuá, Piquerobi, Ribeirão dos Índios e, por fim, Santo Expedito. Isso sem contar as paradas para descanso, almoço e oração. A caminhada, ainda de acordo com Francisco, não é um simples andar, “é um grupo de pessoas entre 4 e 74 anos, que se juntam para agradecer, confessar, orar, pedir e até mesmo aumentar a fé”, completa.
Durante essas paradas, há também espaço para ensinamentos. Munidos da fé, o organizador não deixa de dizer que eles se unem, em alguns momentos, para ouvirem palestras. “Esse ano, a gente abordou temas como pecado, família e a motivação e histórias sobre o que é ser humano”, lembra. Nesses pontos em que todos se juntam, nem sempre podem ser visto no decorrer da caminhada, pois cada um tem seu ritmo e caminham conforme a força e disposição para cada um.
No início do percurso, 85 fiéis iniciaram o caminhar. A marca chegou aos 100, conforme a Romaria ia passando pelas cidades do caminho.
Voluntariado
Mesmo o Dia de Santo Expedito sendo comemorado amanhã, 19 de abril, a chegada do grupo é prevista para hoje. Francisco explica que isso já é calculado, uma vez que a ação de graças não acaba com o fim da Romaria. Já na cidade que leva o nome do santo, eles se colocam à disposição da paróquia local, para auxiliar nos preparativos da festa. “Seja na cozinha, montando barracas, enfim, de alguma forma, a gente está lá para ajudar”, expõe.
Por fim, o organizador não deixar de lamentar que hoje em dia a fé está distorcida, de modo que as pessoas se afastam da igreja. Para ele, ações como essas ajudam a mostrar que a intenção de tudo, da religião, é agradecer, pedir e ajudarmos uns aos outros. “Faltam mais pessoas de fé, que acreditam em coisas boas. Sem fé a gente não chega a lugar algum”, finaliza.
NÚMEROS
A caminhada que marca a tradição começa no município de Caiuá e termina em Santo Expedito, um dia antes da data comemorativa
2010
Ano em que a tradição foi pensada e iniciada
100
Números de pessoas participantes e quilômetros percorridos
4
Quantidade de cidades fixas para pontos de parada
3
Número total de dias em Romaria