RICARDO ANDERSON: MULTI E PROATIVO

Presidente da Associação Comercial tem em sua visão empresarial o reflexo de uma formação humanista, multicultural e multiprofissional com passagens por grandes empresas

PRUDENTE - HOMERO FERREIRA

Data 10/11/2019
Horário 05:18
Paulo Miguel - Ricardo Anderson ingressou no conselho da Acipp em 1983 e coleciona resultados
Paulo Miguel - Ricardo Anderson ingressou no conselho da Acipp em 1983 e coleciona resultados

O perfil do empresário Ricardo Anderson Ribeiro, presidente de uma das mais importantes e antigas instituições da cidade, que é a Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), revela uma formação humanista, multicultural e multiprofissional, por conta do empenho dos pais em dar aos filhos a melhor profissão, dentro da área ou áreas que cada um escolheu.

Para codificar a história do personagem desta reportagem de O Imparcial, é preciso ir às suas raízes que vem de uma figura exponencial da história local: Andelson Ribeiro, que ficou mais conhecido como seu Anderson (assim com érre), dono do Aruá Hotel, um dos mais arrojados empreendimentos do setor hoteleiro da região; construído no final dos anos 1970 e inaugurado em 1981.

Nascido em Santa Rosa do Viterbo, a mesma cidade do famoso jornalista José Hamilton Ribeiro, na região de Ribeirão Preto, Andelson foi vendedor dos cigarros Castelões. Casou-se com Gisellia e foram morar em Bebedouro, antes de virem para Prudente em 1948, quando Ricardo tinha 1 ano de idade.

Sua missão era abrir a região para essa marca de cigarros que acabou sendo incorporada pela Souza Cruz. Com o dinheiro da indenização, já condição de ex-vendedor, passou a ser comerciante de eletrodomésticos, mas ficou pouco nesse ramo e comprou a oficina de baterias automotivas Heliar. Seu irmão Paulo era comerciante das baterias Saturno, em Ribeirão. Com o tempo, resolveram se juntar em Prudente.

Nasceu a empresa Irmãos Ribeiro, que formou uma rede regional com 19 auto elétricas. Passado algum tempo, acrescentaram o ramo de autopeças. Também começaram a vender peças no atacado. Quando a empresa ganhou mais um sócio, William Leite, um parente de Mirassol, passou a ser Irmãos Ribeiro e Cia Ltda. Os três sócios resolveram investir em terras, sem deixar o negócio.

Paulo e William estenderam a sociedade nas propriedades rurais. Andelson firmou sociedade com o dentista Jair da Costa e receberam 500 alqueires do governo para o desbravamento do Mato Grosso. Daí surgiu uma serraria, com a venda de tábuas nas medidas de carroçarias de camionetes e caminhões para empresa de São Paulo. Com o tempo a sociedade foi desfeita e Andelson comprou outra fazenda e foi produzir sementes de brachiaria.

PEDIDO DO PAI

Como saiu da profissão de vendedor, mas ela não saiu dele; aí residiu o sonho de construir um hotel em Prudente, no centro da cidade, que até hoje tem como parte de sua clientela vendedores viajantes. Um prédio de 11 andares, com 80 apartamentos de outras dependências. Com o empreendimento em funcionamento, Andelson requisitou o filho Ricardo, que retornou a Prudente depois de 21 anos fora, já com três formações profissionais, casado e com filhos.

Criado na região central da cidade, na esquina das ruas Maffei e 7 de Setembro, as lembranças são a ponte de madeira e do buracão onde ia tomar banho com os colegas, quando dizia a mãe que iria ao Tênis Clube. Os primeiros anos escolares foram no grupo Adolpho Arruda Mello. Fez admissão com a dona Carmela e foi se juntar aos irmãos mais velhos no internato do Colégio Paraguaçu, instituição presbiteriana. Foi aí onde obteve boa parte de sua formação humanista, em 1960 e 1961.

Quando os irmãos mais velhos concluíram o colégio, dona Gisellia foi para São Paulo com os filhos. Ricardo fez os cursos básico e técnico de contabilidade na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). No mesmo ano do cursinho em São Paulo, ingressou no curso de direito nos finais de semana em Pouso Alegre (MG). No ano seguinte foi fazer administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas). Em 1972, obtinha dupla formação.

Nos tempos de Faap, na atuação no centro acadêmico, conheceu Teresa, jovem de descendência nipônica e com quem se casou mais tarde. Dessas relações surgiu a formação multicultural ao participar diretoria jovem do Nippon Country Clube, como um dos poucos brasileiros. Como estagiário, trabalhou nas indústrias Bosch, em Campinas; e na Sadokin, em Arujá. A formação multiprofissional foi ampliada quando do seu ingresso no mercado.

Ricardo foi trabalhar como analista de sistemas na Schema Processamento de Dados e lá ficou sete anos. Sua contratação foi para aplicar conceitos básicos da administração de empresas e a informática aprendeu na prática. Depois, trabalhou dois anos na Prodam, empresa de processamento de dados da Prefeitura de São Paulo, que foi ponte para o convite da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo).

Na Prodesp desenvolveu projetos para a Secretaria da Saúde e DER (Departamento de Estradas de Rodagens). O ingresso na área de informática foi em busca de algo novo e deu tão certo que, no início da carreira, também atuou como consultor em grandes empresas, como a Lupo, em Araraquara, e a Fundição Brasil, em São Paulo. Ao fazer sua independência financeira, teve dois carros e apartamentos em São Paulo e Praia Grande.

O REGRESSO

Seu retorno a Prudente teve o apelo do pai, mas muito do gosto de sua esposa pela cidade, então servidora pública do TJ-SP (Tribunal de Justiça). Naquela época tinham dois filhos paulistanos, Andrea e Erick; depois vieram dois prudentinos: Karen e Frank. Já são cinco netos e o sexto chegando. Dos três irmãos de Ricardo, Sebastião Egídio faleceu e os demais são Célia Aparecida, Regina Célia e Regina Ribeiro.

Em 1983, Ricardo ingressou no conselho da Acipp e, na condição de presidente, tem o orgulho de ser a instituição um case de sucesso, estando entre as melhores do interior em estrutura e gestão. No terceiro setor, acumula experiências nas diretorias da Santa Casa e do San Fernando; nas fundações do Sindicato dos Hotéis, Bares e Similares de Prudente, da federação paulista deste segmento e do Instituto Oeste Paulista de Turismo e Eventos.

Entre outras ocupações, tem contribuído com a UEPP (União das Entidades de Presidente Prudente e Região), criadora do Conselho de Desenvolvimento, órgão consultivo e que, para Ricardo, deveria ter aporte público e ser deliberativo. Cita o exemplo de Maringá, a 3ª maior cidade do Paraná, com mais de 420 mil habitantes e apenas 72 anos. Exatos 30 a menos que Prudente, com 230 mil habitantes.

Considerando o abrir e fechar de empresas, seu entendimento é de que a economia prudentina está estagnada e isso vem de alguns anos. Um dos motivos é a falta de ações práticas de políticas públicas. Uma das saídas seria tomar Maringá (174 km de Prudente) como modelo e fixar 2% do orçamento municipal (cerca de R$ 15 milhões/ano) para o conselho desenvolver projetos na busca de empresas nesta cidade que domina o comércio, educação superior e serviço médico no oeste paulista. Ricardo Anderson irá receber o título de Cidadão Prudentino, proposto pelo vereador Enio Luiz Tenório Perrone (PSD) em data a ser definida junto a Câmara Municipal.

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