Restaurantes evitam repassar alta nos custos da carne a clientes

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 10/12/2019
Horário 09:48
Paulo Miguel - Altair aposta no estoque para passar o fim de ano livre dos aumentos diários no preço da carne
Paulo Miguel - Altair aposta no estoque para passar o fim de ano livre dos aumentos diários no preço da carne

A alta nos preços da carne bovina já foi manchete neste diário. Na ocasião, o maior impasse estava entre os açougueiros, que ainda se preocupam com as vendas de fim de ano, e os produtores rurais, que se aliviaram por finalmente ter havido o aumento nos valores. “O preço da carne vinha represado há 4 ou 5 anos”, comentou, em 22 de novembro, o presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Carlos Roberto Biancardi.

Outro reflexo do cenário é o impacto que o aumento do preço, motivado especialmente pelo retorno das exportações da carne brasileira para a China, vem causando em comércios do ramo alimentício de Presidente Prudente. O proprietário da Churrascaria Guaíba, Altair Pedro Zampieri, 60 anos, afirma que precisou aumentar ligeiramente o preço repassado aos clientes, em torno de 3%. “Estamos tentando lidar com a situação, realizamos corte de gastos no restaurante para manter os preços, a qualidade e a clientela”.

Altair revela que a estratégia para não manter-se refém das constantes variações do preço da carne bovina é a estocagem. Ele afirma que a churrascaria possui grandes câmaras frias, o que garante “gordura para aguentar até o fim do ano”, período que acredita ser o mais difícil. “A tendência, em janeiro, é diminuir os valores, mas não voltar ao que era”, completa.

Situação é semelhante ao restaurante do Hotel Aruá. O chef Pedro Henrique Bofes afirma que o aumento no preço das carnes impactou nos custos do restaurante, entretanto, a opção do hotel foi a de não repassar os custos ao consumidor. “Estamos segurando os custos para não prejudicar o cliente”, pontua.

Uma opção que se mostra rentável ao Aruá são os eventos realizados, pois estes possuem cardápio variável. “Neste caso podemos apostar em opções de carnes mais rentáveis, o pato, por exemplo, se mostrou uma boa opção”, destaca.

O Tacchino Ristorante também não repassou o aumento de custos ao consumidor. O sócio-proprietário do restaurante, André Delfim, compreende que é provável que este grande aumento seja temporário, situação que não justifica o repasse ao cliente. Ele recorda do ocorrido, em abril deste ano, com o tomate, que teve grande aumento, mas retornou aos patamares normais. A estratégia do restaurante, enquanto o preço da carne bovina continua alto, são as negociações com fornecedores.

DIFICIL PARA UNS,

BOM PARA OUTROS

Enquanto àqueles que trabalham com as carnes bovinas precisam de inventividade e contingenciamentos para não impactar o bolso dos clientes, existem restaurantes que se beneficiam com o cenário. São exemplo aqueles que lidam com frutos do mar. O chef e proprietário do restaurante Navio, Maciel Siqueira, afirma que os pescados não registraram qualquer aumento. “Está bom para nós. O aumento de preços da carne levam os clientes a procurarem alternativas como o Navio”, pontua Maciel.    

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