Resgate do interesse dos jovens pela agropecuária dependerá de incentivos

EDITORIAL -

Data 12/08/2018
Horário 05:05

Neste Dia dos Pais, o destaque deste diário é diferente da cobertura usual sobre a figura paterna e sua importância na vida dos filhos. Um aspecto diferente dessa relação foi abordado de forma interessante: a evasão dos jovens da agropecuária e a perda do interesse nesse segmento da economia. Essa realidade é um fato corroborado pelos dados do Censo Agropecuário de 2017, o qual revelou que só 2% dos 21.152 produtores rurais da região, 581 ao total, possuem idade inferior a 30 anos.

Por isso, a maioria (53,09%) está entre 30 e 60 anos e, de forma impressionante, 44,17% dos trabalhadores são idosos (mais de 60). Os mais velhos estão sendo “obrigados” a se manter ativos para que o negócio da família não acabe diante do “abandono” das novas gerações. Com isso, pais como o “seo Antônio”, personagem estampado em O Imparcial, na edição de hoje.

Já na terceira geração de trabalhadores rurais ele trabalha para que sua família siga na contramão dos indicadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e que seus filhos continuem tocando a sua produção de leite. Seus dois filhos, ainda pequenos, o auxiliam e participam de todas as atividades em seu sítio, justamente para que “peguem” o gosto pela agropecuária. Outros dois jovens ouvidos pela reportagem também têm buscado se profissionalizar para retornar ao ambiente rural, mais capacitados, e potencializar suas atividades pastoris.

Para que esse cenário se modifique é necessário que a sociedade invista nos pequenos produtores e na agricultura familiar. São esses incentivos que poderão realmente ampliar a capacidade produtiva regional, viabilizar uma distribuição de renda mais justa, fomentar o desenvolvimento regional e gerar empregos e renda para a juventude (e segurança familiar para os idosos).

Isso passa pela responsabilidade do consumo sustentável de cada indivíduo, tanto na busca por priorizar os agricultores locais, quanto na exigência de que seus mercados de preferência também os priorizem na hora de escolher os fornecedores. Essa obrigação também deve surgir no sentido de coibir o uso de agrotóxicos nos alimentos dando maior valor aos produtos sem veneno e denunciando preços abusivos aplicados por redes de supermercados no sentido de elitizar esses alimentos. Com um esforço coletivo é possível melhorar a economia, a vida de inúmeros trabalhadores rurais e a qualidade da produção local. 

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