República brasileira

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 21/08/2018
Horário 04:30

O Brasil é um país grande, mas não é um grande país. Nona economia do mundo, é rico, mas com tanta miséria e tantas favelas. As mentes “dos mandatários” talvez tenham filtrado a mega riqueza que não é do povo para tanta mania de grandeza. Na nossa pátria, tudo deve ser maior do mundo. Na mega Brasília mora a megacorrupção, a megamediocridade, a megaincompetência, os megaassaltos. Temos no país megausinas, mega copa, megarrefinaria. Tudo isso ao lado de megamiséria, megafavelas, megaanalfabetismo. Esse contexto de grandezas e misérias tem efeito catastrófico em âmbito geral e conduz ao aumento geométrico da violência.

Próximo às eleições, sabemos que para mudar esse quadro, precisamos mudar os políticos, com o cuidado de não eleger aventureiros, evitando assim repetir erros do passado. Bem, nosso país não tem história de muita seriedade, nem de elegância. A República brasileira já foi iniciada com golpe que expulsou D. Pedro II do Brasil e para começar tivemos os primeiros presidentes marechais de ferro: Deodoro da Foseca que também começou com golpe destituindo o Poder Legislativo. Da mesma linha, vem outro marechal de ferro, Floriano Peixoto. Rodrigues Alves, o primeiro presidente eleito pelo voto, não terminou seu mandato como Tancredo Neves, morreram antes de tomar posse. Afonso Pena também não terminou o mandato; Washigton Luís foi deposto pela revolução de 1930; Júlio Prestes nem chegou a tomar posse. Dutra, ficou cinco anos como Sarney, Getúlio Vargas entrou também com golpe. Café Filho ficou um ano no poder e Carlos Luz,  seu sucessor, foi deposto; Jucelino Kubistchek completou o mandato. Janio Quadros renunciou após dois anos; Jango, foi deposto, Collor  impeachado. FHC eleito por quatro anos, ficou 8. Dilma impecheada. E agora temerosamente, Temer. 

Percebe-se asssim que a nossa República já nasceu doente e ainda não sarou.  Resta, portanto, pensar o que continua significando a República e o que fazer para oferecermos às próximas gerações um Brasil decente. Parece que tentamos bastante: mandato do Executivo de 4 anos, de 5 anos, de novo 4 anos  com reeleição para cumprimento de 8 anos, triste experência que arrasou a nação. Tivemos junta militar, vice eleito de outra chapa, parlamentarismo (rejeitado em plebiscito). Por ironia ou não, a monarquia foi o governo mais estável da história do nosso país, com D. Pedro II imperando por quase meio século, precisamente por 49 anos.

No momento, todos sabemos que precisamos fazer uma varredura do Congresso ao Executivo para mudar os representates, fazer acompanhamento minucioso dos gastos, fiscalizar e fiscalizar; denunciar e denunciar. Em particular a população brasileira pode exigir o recall que significa cassar o mandato de qualquer representante político - pelos próprios eleitores - seja por corrupção, incompetência ou inoperância. É simples, a vontade do povo tem força de lei, portanto, com abaixo-assinado os eleitores podem exigir o recall e muito mais em termos legais. Enfim, a ação dos brasileiros e a fiscalização devem ocorrer em âmbito municipal, estadual e federal para não permitir o que foi permitido: a entrada da grana dos impostos dos trabalhadores nos bolsos dos vilões. Vigilância permanente e ação dos eleitores formam o pilar básico da democracia. Sem ela o Brasil não sai do patamar em que se encontra, mas com ela pode ser nascente o início de um novo horizonte da nossa história.

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