Região de Prudente tem menores valores para áreas rurais

Dados do Instituto de Economia Agrícola mostram que a terra nua na 10ª RA tem o pior valor médio em 2 das 5 categorias

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 29/07/2018
Horário 04:03
Marcio Oliveira - Terra nua é o valor da propriedade sem levar em consideração, por exemplo, benfeitorias e pastagens
Marcio Oliveira - Terra nua é o valor da propriedade sem levar em consideração, por exemplo, benfeitorias e pastagens

Quando o assunto é o valor médio do hectare da terra nua, a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, que é a região de Presidente Prudente, se destaca pelo baixo desempenho se comparado com as demais 15 regiões do Estado, conforme dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola). Isso porque, ao analisar o valor de cinco tipos de terra, sendo: campo, cultura de primeira, cultura de segunda, terra de pastagem e reflorestamento, a 10ª RA fica em último lugar em duas dela, e com o segundo menor desempenho nas três demais. Os representantes dos EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) da região elencam a economia local e os movimentos sociais como motivos desta desvalorização, ideia compartilhada pelo Sindicato Rural de Presidente Prudente, que informa ainda a falta de infraestutura em transporte, como ferrovias e portos, o que desvaloriza as terras em relação às demais que são beneficiadas.

O levantamento é realizado com junho de 2017 como referência, sendo este o dado mais recente divulgado, e trata do preço médio da terra nua, que é o valor da propriedade sem levar em consideração as construções, instalações, benfeitorias, pastagens, florestas plantadas e culturas permanentes ou temporárias. Ao analisar as demais 15 regiões (veja a tabela), Presidente Prudente tem o pior valor médio nas terras de cultura de primeira e segunda, e fica em penúltimo lugar nas três demais: campo, terra para pastagem e terra para reflorestamento.

Em nível de comparação, na categoria cultura de primeira, a região apresentou o valor médio de R$ 9.583,16, o pior entre as 16 regiões, sendo que o primeiro lugar fica para a região de São Paulo, com o valor médio de R$ 42.252,63, uma diferença de R$ 32.669,47. Já em terra de cultura de segunda, que o pior desempenho foi o da região de Presidente Prudente, com R$ 8.122,83, o primeiro lugar se destaca pelo montante médio de R$ 33.215,39, Região Administrativa de Sorocaba.

Possíveis motivos

O presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Carlos Roberto Biancardi, afirma que a grande variação de valores entre regiões pode estar ligada a fatores de localização, topografia, benfeitorias locais e capacidade e qualidade do solo, já que são diversas as situações encontradas nas diferentes regiões do Estado. “Portos e ferrovias, por exemplo, fazem muita falta para esse tipo de comércio aqui na região e, por outro lado, favorecem as demais que são beneficiadas, como as regiões centrais e litorais. Com essa infraestrutura em transporte, o produto produzido consegue ser escoado e explorado de maneiras mais eficazes, o que valoriza ainda mais a terra”, salienta. Por outro lado, há quem seja beneficiado com os preços baixos da terra, como os pecuaristas, conforme Biancardi, que levam como um incentivo para iniciar as atividades e dar início no negócio.

Por sua vez, o chefe da Casa de Agricultura do EDR de Presidente Venceslau, Tácito Garcia, acredita que a 10ª RA pode ser prejudicada por ser uma das “mais pobres” do Estado, fato que se alia ao surgimento de movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), e que podem trazer insegurança aos possíveis compradores e desvalorização às terras. “Como solução, acredito que apenas se a economia local crescer e trouxer, por exemplo, mais indústrias para a região”.

Já o responsável pelo EDR de Presidente Prudente, Marco Aurélio Fernandes, expõe que os números podem estar ligados ao uso correto da metodologia local para avaliar as terras nuas, o que não é padronizado para todas as regiões e pode estar equivocado nas demais áreas do Estado. “Não posso afirmar com certeza, mas sabemos que falta a padronização para a análise. Mesmo com os baixos valores, nossas terras, de forma geral, não são desvalorizadas. É preciso ver com positividade o lado de que, usando a metodologia correta, estamos livrando os produtores de complicações futuras”, comenta.

Valor médio em R$ do hectare de terra nua na 10ª RA
Região Administrativa Campo Terra de cultura de primeira Terra de cultura de segunda Terra para pastagem Terra para reflorestamento
Araçatuba 9.236,36 16.505,59 14.374,44 11.468,04 9.630,56
Barretos 13.333,33 29.681,12 24.367,50 22.500,00 15.500,00
Bauru 11.574,06 19.797,96 17.460,81 15.583,72 13.260,14
Campinas 17.146,15 37.853,38 31.368,44 26.337,50 21.872,06
Central 12.286,36 20.406,61 16.878,02 14.890,30 13.790,52
Franca 12.442,33 31.841,48 25.687,15 19.544,33 14.849,80
Itapeva 13.693,48 22.596,67 17.705,52 15.626,21 14.390,00
Marília 11.384,87 23.661,00 18.656,86 16.225,83 12.772,00
Presidente Prudente 5.910,87 9.583,16 8.122,83 7.470,24 6.082,73
Registro 3.360,00 13.412,50 8.808,33 6.250,00 5.312,50
Ribeirão Preto 12.943,75 25.954,17 22.394,12 18.800,00 13.829,17
Santos 10.150,00 28.071,25 17.053,33 11.695,00 10.463,33
São José do Rio Preto 10.625,49 17.034,52 14.604,49 13.384,41 12.630,83
São José dos Campos 7.765,22 27.393,75 21.767,65 16.710,29 11.503,82
São Paulo 19.277,78 42.252,63 31.265,79 28.237,50 23.700,00
Sorocaba 19.990,91 39.854,95 33.215,39 28.207,95 23.858,92
Fonte: IEA (Instituto de Economia Agrícola)
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