Quando o assunto é o valor médio do hectare da terra nua, a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, que é a região de Presidente Prudente, se destaca pelo baixo desempenho se comparado com as demais 15 regiões do Estado, conforme dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola). Isso porque, ao analisar o valor de cinco tipos de terra, sendo: campo, cultura de primeira, cultura de segunda, terra de pastagem e reflorestamento, a 10ª RA fica em último lugar em duas dela, e com o segundo menor desempenho nas três demais. Os representantes dos EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) da região elencam a economia local e os movimentos sociais como motivos desta desvalorização, ideia compartilhada pelo Sindicato Rural de Presidente Prudente, que informa ainda a falta de infraestutura em transporte, como ferrovias e portos, o que desvaloriza as terras em relação às demais que são beneficiadas.
O levantamento é realizado com junho de 2017 como referência, sendo este o dado mais recente divulgado, e trata do preço médio da terra nua, que é o valor da propriedade sem levar em consideração as construções, instalações, benfeitorias, pastagens, florestas plantadas e culturas permanentes ou temporárias. Ao analisar as demais 15 regiões (veja a tabela), Presidente Prudente tem o pior valor médio nas terras de cultura de primeira e segunda, e fica em penúltimo lugar nas três demais: campo, terra para pastagem e terra para reflorestamento.
Em nível de comparação, na categoria cultura de primeira, a região apresentou o valor médio de R$ 9.583,16, o pior entre as 16 regiões, sendo que o primeiro lugar fica para a região de São Paulo, com o valor médio de R$ 42.252,63, uma diferença de R$ 32.669,47. Já em terra de cultura de segunda, que o pior desempenho foi o da região de Presidente Prudente, com R$ 8.122,83, o primeiro lugar se destaca pelo montante médio de R$ 33.215,39, Região Administrativa de Sorocaba.
Possíveis motivos
O presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Carlos Roberto Biancardi, afirma que a grande variação de valores entre regiões pode estar ligada a fatores de localização, topografia, benfeitorias locais e capacidade e qualidade do solo, já que são diversas as situações encontradas nas diferentes regiões do Estado. “Portos e ferrovias, por exemplo, fazem muita falta para esse tipo de comércio aqui na região e, por outro lado, favorecem as demais que são beneficiadas, como as regiões centrais e litorais. Com essa infraestrutura em transporte, o produto produzido consegue ser escoado e explorado de maneiras mais eficazes, o que valoriza ainda mais a terra”, salienta. Por outro lado, há quem seja beneficiado com os preços baixos da terra, como os pecuaristas, conforme Biancardi, que levam como um incentivo para iniciar as atividades e dar início no negócio.
Por sua vez, o chefe da Casa de Agricultura do EDR de Presidente Venceslau, Tácito Garcia, acredita que a 10ª RA pode ser prejudicada por ser uma das “mais pobres” do Estado, fato que se alia ao surgimento de movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), e que podem trazer insegurança aos possíveis compradores e desvalorização às terras. “Como solução, acredito que apenas se a economia local crescer e trouxer, por exemplo, mais indústrias para a região”.
Já o responsável pelo EDR de Presidente Prudente, Marco Aurélio Fernandes, expõe que os números podem estar ligados ao uso correto da metodologia local para avaliar as terras nuas, o que não é padronizado para todas as regiões e pode estar equivocado nas demais áreas do Estado. “Não posso afirmar com certeza, mas sabemos que falta a padronização para a análise. Mesmo com os baixos valores, nossas terras, de forma geral, não são desvalorizadas. É preciso ver com positividade o lado de que, usando a metodologia correta, estamos livrando os produtores de complicações futuras”, comenta.
Valor médio em R$ do hectare de terra nua na 10ª RA | |||||
Região Administrativa | Campo | Terra de cultura de primeira | Terra de cultura de segunda | Terra para pastagem | Terra para reflorestamento |
Araçatuba | 9.236,36 | 16.505,59 | 14.374,44 | 11.468,04 | 9.630,56 |
Barretos | 13.333,33 | 29.681,12 | 24.367,50 | 22.500,00 | 15.500,00 |
Bauru | 11.574,06 | 19.797,96 | 17.460,81 | 15.583,72 | 13.260,14 |
Campinas | 17.146,15 | 37.853,38 | 31.368,44 | 26.337,50 | 21.872,06 |
Central | 12.286,36 | 20.406,61 | 16.878,02 | 14.890,30 | 13.790,52 |
Franca | 12.442,33 | 31.841,48 | 25.687,15 | 19.544,33 | 14.849,80 |
Itapeva | 13.693,48 | 22.596,67 | 17.705,52 | 15.626,21 | 14.390,00 |
Marília | 11.384,87 | 23.661,00 | 18.656,86 | 16.225,83 | 12.772,00 |
Presidente Prudente | 5.910,87 | 9.583,16 | 8.122,83 | 7.470,24 | 6.082,73 |
Registro | 3.360,00 | 13.412,50 | 8.808,33 | 6.250,00 | 5.312,50 |
Ribeirão Preto | 12.943,75 | 25.954,17 | 22.394,12 | 18.800,00 | 13.829,17 |
Santos | 10.150,00 | 28.071,25 | 17.053,33 | 11.695,00 | 10.463,33 |
São José do Rio Preto | 10.625,49 | 17.034,52 | 14.604,49 | 13.384,41 | 12.630,83 |
São José dos Campos | 7.765,22 | 27.393,75 | 21.767,65 | 16.710,29 | 11.503,82 |
São Paulo | 19.277,78 | 42.252,63 | 31.265,79 | 28.237,50 | 23.700,00 |
Sorocaba | 19.990,91 | 39.854,95 | 33.215,39 | 28.207,95 | 23.858,92 |
Fonte: IEA (Instituto de Economia Agrícola) |