Quando os alunos da Escola Estadual Doutor José Foz, na Vila Marcondes, em Presidente Prudente, retornarem das férias, encontrarão o lugar repaginado. Isso porque, desde quinta-feira, 22 reeducandos da Penitenciária Wellington Rodrigo Segura, no distrito de Montalvão, realizam um trabalho de pintura nos muros e paredes da unidade e a revitalização dos móveis, como mesas e carteiras.
A ação faz parte do curso de pintura oferecido aos sentenciados por meio do Via Rápida, programa do governo estadual que visa promover cursos de curta duração na área de construção civil para presos que se encontram em regime semiaberto. De acordo com a instrutora Janaina Marcela Rodrigues Bulhões, tal atendimento busca não só contribuir para a remissão da pena, como também viabilizar a reintegração dos detentos em sociedade.
Segundo ela, o curso é dividido em duas etapas, que totalizam carga horária de dez dias. Dois dias e meios são dedicados ao estudo do referencial teórico, ao passo que sete dias e meio são para a execução da parte prática do curso, que é o momento em que os reeducandos colocam a “mão na massa”. Conforme Janaina, eles fizeram a preparação de toda a superfície que seria reformada e, em seguida, iniciaram a pintura de nove salas, três banheiros e a parte externa da instituição. Uma arte em grafite foi feita em uma das paredes. Ao final, realizarão a limpeza dos móveis, devolvendo a escola com cara nova para os estudantes. A instrutora aponta que alguns dos reeducandos nunca chegaram a ter um trabalho na vida, portanto, a atividade serve como uma primeira experiência profissional para eles, que receberão certificados e poderão incluir o trabalho em seus currículos.
Aprendizado
Alexandre é um dos alunos atendidos e diz se sentir satisfeito com o curso, que lhe permite aprender uma profissão e estar capacitado para o mercado quando terminar o cumprimento da pena. Além disso, ele acredita que o trabalho é uma laborterapia para os reeducandos, os quais têm a oportunidade de ocuparem o seu tempo e serem mais produtivos. Ele conta que sempre frequentou escolas dentro do sistema penitenciário, mas poder ajudar na revitalização de uma unidade é uma “oportunidade nova”. “Me sinto muito grato por estar fazendo algo pelas crianças e por sua escola, que é o alicerce de todo ser humano”, comenta.
Mais do que agregar valor para a sua vida enquanto reeducando e para o seu futuro fora da penitenciária, Anderson pondera que o trabalho dos colegas é uma forma de valorizar o ambiente educacional – já que seus próprios filhos podem frequentá-lo – e incentivar os alunos a não depredá-lo. “Também já fomos crianças e riscamos as paredes e carteiras. Agora, temos a oportunidade de consertar isso. Com a pintura e limpeza, esperamos conscientizar os estudantes a manterem a escola limpa”, considera. Fora do sistema prisional, Anderson já trabalhou como pintor e agora pode, por meio do trabalho, ampliar seus conhecimentos sobre a atividade. “É um aprendizado que certamente deixará o meu currículo maior e permitirá a minha reintegração quando eu estiver lá fora”, pontua.