Reajustes alteram rotina e costumes das famílias

EDITORIAL -

Data 07/02/2018
Horário 10:25

Se em 1983 a coisa estava feia, como afirma o saudoso Tião Carreiro, imagina agora, em tempos de crise econômica e reajustes diários promovidos por parte dos governos. O brasileiro não tem a quem recorrer e vive na sina do “salve-se quem puder”. Se foge do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), cai no IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor); se deixa o carro na garagem por conta do preço do combustível, esbarra em um transporte público deficitário, perdendo as rodas; se compra o gás de cozinha, fica sem o arroz e o feijão. Se corre o bicho pega, se fica o bicho come.

Sem saída nesse cenário de recessão, o brasileiro se vira do jeito que pode, mesmo que isso implique em mudanças drásticas em sua rotina ou costumes, desde que isso gere economia. É o que ficou claro na matéria publicada na edição de ontem deste diário, que trata das constantes altas do gás de cozinha nas revendas de Presidente Prudente. O produto saltou até 14% nos estabelecimentos da cidade, em reajustes que começaram em julho e seguiram até dezembro de 2017.

Como resultado dessa variação nos preços do botijão de gás, pessoas como Cristiane Nogueira Candido, proprietária de um pensionato, tiveram a alimentação diária afetada. Alimentos que necessitam de longos períodos de cozimento deixaram o cardápio e deram lugar as comidas rápidas, ou instantâneas. Há aqueles também que tomaram atitudes mais extremas, como abandonar o fogão a gás e retornar ao bom e velho fogão a lenha.

Enquanto isso, na sala de justiça: “se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”. A crise não atinge aqueles que estão entre os maiores causadores dela. Políticos e grandes empresários, detentores da maior fatia das riquezas do país, monopolizam o capital nacional e deixam o resto para o resto. E nesta ponta de baixo da tabela, entre o resto, estão também os revendedores, como Robson Fernando Ferreira, que muitas vezes têm de arcar com os prejuízos dos reajustes para não perder venda e assim continuar tocando o negócio.

Publicidade

Veja também