A reforma da Previdência privada é uma “sopa bem quente” para os políticos, são muitos conflitos de interesse. Se tudo se resumisse nos interesses do povo as soluções já estariam aí, antes mesmo das propostas para a reforma existirem. Como não é tão simples assim, o capital político gerado positivamente ou não para o atual governo é levado em consideração, o impacto nas aposentadorias de quem está no poder, o toma lá, dá cá que com certeza ainda paira sobre as negociações, tudo isso afeta diretamente as negociações na câmara dos deputados e logo no senado federal.
As opiniões estão divididas, mas um fato ainda vem à mente do cidadão e contribuinte: este déficit não existiria sem ingerência do dinheiro público e corrupção. O déficit da previdência é de R$ 195 bilhões em 2018, segundo a CPI (Comitê Parlamentar de Inquérito) da previdência divulgou ano passado que empresas privadas devem à previdência R$ 450 bilhões e que destes R$ 175 bilhões são recuperáveis. Soma-se a este fato a corrupção que segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) chega até R$ 200 bilhões ano. É evidente para os contribuintes que dinheiro tem e muito! Só não está sendo bem administrado.
O contribuinte - ciente destes fatos - parece estar de mãos atadas diante da reforma que será, mais uma vez, empurrada “goela abaixo” do cidadão. Sem a esta teremos um colapso da previdência e os aposentados logo não poderão receber o que lhe é de direito. Com isso, a inflação e impactos negativos na economia de toda espécie. Cenário é assustador e real! Precisamos realmente da reforma, mas a indignação pelos governantes terem deixado tudo chegar a este ponto é tão real quanto.
O presidente da associação dos juízes federais, Roberto Veloso, é contra a reforma. “Um motorista de ônibus tem uma carteira de trabalho ou mais aos 65 anos. Apesar da avançada idade, precisa estar empregado e ter contribuído 15 anos para Previdência, com redução do benefício em 60%. Motorista empregado com 65 anos? Será bem difícil? Se estender este raciocínio para pedreiros, pintores, domésticas a situação pode ser ainda mais grave. Se falecer o cônjuge o outro não recebe... isto é um absurdo”.
O deputado Kim Kataguiri (DEM) é a favor da reforma, pois, segundo ele, “aqueles que ganham hoje em torno de um salário mínimo é favorecido pela proposta da reforma e os que ganham mais nem tanto”. Segundo o deputado, a realidade da camada mais pobre já é de se aposentar por idade, tendo em vista que dificilmente a maioria terá o tempo de contribuição exigido aos 50, 55 ou 65 anos. Por outro lado, os mais ricos conseguem. “Como as classes mais ricas são afetadas, com aumento do imposto de 11 para 19%, incluindo deputados, senadores, juízes e promotores, a reforma é criticada veementemente por estes”, afirma Kataguiri. Portanto, entre aqueles que estão a favor ou contra a reforma, uma coisa é certa. Quem pagará o pato, ainda é o contribuinte.