Psicóloga comenta facilidade no acesso às drogas

Especialista menciona o “forte marketing” criado pelo público que vende entorpecentes e gera racionalização e estímulo ao uso

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 08/05/2018
Horário 20:55
Marcio Oliveira - População de rua pode ser dividida entre “dependentes químicos ou com problemas mentais”
Marcio Oliveira - População de rua pode ser dividida entre “dependentes químicos ou com problemas mentais”

Com o atual balanço da SAS (Secretaria de Assistência Social) sobre o número de pessoas que moram nas ruas de Presidente Prudente, que em 2018 já chegou aos 183 indivíduos, 43 a mais do que o ano anterior, um fato chama a atenção para a crescente na quantidade de pessoas. Isso porque, conforme a própria SAS, em matéria veiculada na edição de hoje, tal dado se expande “na mesma proporção” do uso abusivo de algum tipo de droga, sendo este público da dependência química, possivelmente, aquele que está ligado ao aumento nos casos de moradias em ruas. Para a psicóloga, Ieda Benedetti, os moradores geram desconforto à população por causarem potenciais riscos, e dentre os fatores que levam a esta condição estão a facilidade de acesso aos entorpecentes, bem como uma consequência de problemas mentais e ilícitos.

A especialista lembra que este é um assunto que deve ser levado como um “amplo e grave” problema social, de saúde pública e também político, sendo que a decisão, se é que assim podemos chamar, de morar na rua, determina um momento em que tal indivíduo já teria perdido a noção do real e equilíbrio mental, representando assim uma consequência e não causa. “Dificilmente você vai parar na rua apenas porque enfrenta uma situação econômica difícil. Podemos dividir esta população subsuficiente, como chamamos, basicamente, entre aqueles que sofrem da dependência química ou de problema mental”, ressalta. Ieda lembra ainda que ambos os problemas estão ligados, já que se tratam de um ciclo vicioso.

Ainda dentre os fatores a psicóloga menciona que o marketing criado pelo público que vende droga pode ser considerado como uma das causas para a situação epidêmica encontrada, quando há a presença de um discurso pronto que racionaliza e estimula o uso das drogas. “Eles não percebem a situação que vivem, pois estão sobre forte compulsão, no caso das drogas, ou em surto, no caso da esquizofrenia. Vale lembrar também da falência do sistema de saúde mental, quando há carências destes espaços direcionados”, expõe. Além disso, Ieda elenca a crise econômica como um fomentador da população subsuficiente, quando as drogas mais baratas, como o crack, tornam-se as mais em conta de se adquirir. “É a mais letal, que mais vicia e que consome e deteriora esses indivíduos”.

Sobre o problema social, que para ela é mais uma das consequências do desvio de verba dos cofres públicos, quando investimentos em diversas áreas são prejudicados, a especialista lembrar-se da imagem de incômodo causada pelos moradores de rua, quando eles podem cometer delitos para manter o uso de drogas ou causar riscos em possíveis surtos, mas afirma que situação, futuramente pode melhorar e apresentar números que vão na contramão do atual aumento. “A população em geral está cansada do famoso jeitinho brasileiro e estão abrindo os olhos. Futuramente, as reivindicações nas mais diversas áreas atingirão, direta ou indiretamente, a população de rua e os fatores que promovem essa consequência”, finaliza.

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