Prudentinos mantêm rotina de trabalho durante o feriado

Pausa no calendário foi dedicada a eles, mas muitos não puderam desativar o despertador em função dos compromissos com a prestação de serviços em Presidente Prudente

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 01/05/2018
Horário 13:40
Marcio Oliveira - Ambulante, Cícero tirou o dia de ontem e carregou sua caminhonete com cadeiras de área para comercializá-las
Marcio Oliveira - Ambulante, Cícero tirou o dia de ontem e carregou sua caminhonete com cadeiras de área para comercializá-las

A semana começou generosa para uma parcela dos trabalhadores que puderam tirar o dia dedicado a eles para um descanso merecido em plena terça-feira. No entanto, nem todos tiveram a oportunidade de desativar o despertador ontem em função do seu compromisso com a prestação de serviços – afinal, a cidade não pode parar. Há inclusive aqueles que, mesmo com a autonomia de fazer seus próprios horários, preferiram pular da cama cedo para ocupar seu dia ou por conta da necessidade de complementar a renda familiar.

É o caso do ambulante Cícero Alves de Souza, 76 anos, que carregou a sua caminhonete com cadeiras de área e foi para a rua comercializá-las. Aposentado, o vendedor recebe apenas um salário mínimo, então encontrou no negócio a chance de ter um dinheiro a mais no final do mês. “Como muita gente fica em casa no feriado, achei que seria um bom dia para vender as cadeiras”, justifica.

Ele conta que, embora já tenha duas filhas bem-sucedidas em seu ofício, não quer depender de ninguém e, por esta razão, mantém a sua rotina de trabalho. Nas ocasiões em que se sente indisposto, se dá o direito de ficar em casa, mas geralmente seu dia a dia é nas ruas – ou nas estradas, uma vez que leva o seu comércio ambulante para outros municípios da região. Questionado sobre o que torna alguém um bom trabalhador, Cícero se espelha em si mesmo para responder: “É aquele que corre atrás a vida inteira e leva seu negócio a sério. Apesar de ser autônomo, trabalho para mim como se fosse empregado”, relata o vendedor, que pretende continuar na labuta enquanto sua saúde permitir.

Quem também não reclamou de trabalhar no feriado foi a operadora de caixa de uma loja de conveniência, Sandra Medeiros, 42 anos, que acredita que ter um emprego no atual cenário econômico e político é motivo de sobra para se sentir grata. Ela já desempenhou outras funções, como auxiliar administrativo, telefonista e recepcionista, mas passou um ano e sete meses como diarista por não conseguir uma recolocação ao mercado de trabalho. “Por ser uma atividade informal, eu só tinha dinheiro quando havia trabalho. Agora que possuo um emprego fixo, minha situação financeira está melhor”, comenta. A respeito das qualidades que a tornam uma boa funcionária, Sandra destaca sua dedicação – “porque sou persistente”, observa – e seu empenho em ser prestativa e atenciosa com o público que atende diariamente.

Por outro lado, há quem seja proprietário de uma empresa e, ao mesmo tempo, o próprio funcionário, a exemplo do farmacêutico Renan Almeida, 30 anos. Como a farmácia é um negócio familiar, é ele que segura as pontas durante os feriados. “Dificilmente conseguimos fechar em datas como essa, porque entendemos que o nosso comércio é de utilidade pública”, afirma o trabalhador. Renan já está nesse ramo há 15 anos e não tem o interesse de deixá-lo tão cedo. Para ele, o trabalho é uma forma de se sentir “útil” enquanto ser humano. “Poder servir, ajudar e se edificar, com honestidade, compromisso e dedicação, é muito importante”, pondera.

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