O município de Presidente Prudente possui a terceira menor emissão de material particulado no ar em relação a outros 19 locais de amostragem monitorados pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), de acordo com os resultados da edição de 2017 do Relatório do Ar. Assim como em Marília (SP), a concentração média do poluente na cidade é de 21 µg/m³ (microgramas por metro cúbico), pouco mais do que a metade do padrão estadual, que é de 40 µg/m³. O indicador é o mesmo de 2016, o que mostra que a dispersão do material particulado segue estável na capital da 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo. De acordo com a gerente da Divisão de Qualidade do Ar da Cetesb, Maria Lucia Guardani, um dos principais fatores que contribuem para o resultado favorável de Prudente é seu perfil socioeconômico, uma vez que não apresenta forte atividade industrial.
Para entender como esse componente influencia na qualidade do ar, o estudo segmenta os locais de amostragem em unidades vocacionais, sendo que Prudente está enquadrada em agropecuária. Quando comparada com a concentração média de cidades agrupadas na unidade vocacional industrial, verifica-se que a emissão de material particulado no município é muito aquém dos resultados observados em cidades com intensa movimentação da indústria, como é o caso de Cubatão (SP), onde o índice chegou a 68 µg/m³ em 2017, quase duas vezes maior do que o padrão estadual. A representante técnica explica que Prudente ainda é beneficiada com condições climáticas apropriadas e uma frota de veículos menor do que a de municípios maiores. “Outra situação que pesou muito para a melhora da qualidade de ar foi a proibição da queima da palha de cana-de-açúcar, que é fonte de emissão de poluentes para a atmosfera”, expõe.
Medidas necessárias
Maria Lucia, no entanto, lamenta a prática de queimadas rotineiras, cuja extinção poderia contribuir para uma melhor qualidade do ar. Ela conta que o mês de setembro do ano passado, por exemplo, foi marcado por um grande período de estiagem, o que aumentou o número de queimadas e, consequentemente, a emissão de material particulado para a atmosfera. A gerente esclarece que este poluente é oito vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo e se origina da queima do combustível, da referida atividade industrial e também das queimadas irregulares. “Essas partículas são invisíveis aos olhos, ficam suspensas no ar e, por esta razão, são facilmente inaláveis. Quando penetram o sistema respiratório, seguem até os alvéolos e causam uma série de problemas respiratórios e ardência nos olhos”, comenta.
Para minimizar os impactos do material particulado à saúde humana e ao meio ambiente, Maria Lucia orienta que as pessoas comecem a praticar a substituição do transporte individual pelo coletivo, que colabora para reduzir o número de veículos de passeio nas vias públicas e, com isso, a diminuir a emissão de poluentes no ar. Se, ainda assim, insistirem no uso do transporte próprio, a recomendação é abastecê-lo sempre no período da manhã, quando a evaporação do combustível é menos rápida, manter os veículos regulados e evitar a prática de queimadas.
Concentração média de material particulado em municípios paulistas
Unidade vocacional |
Local de amostragem |
Média (µg/m³) |
|
2016 |
2017 |
||
Agropecuária |
Araçatuba |
28 |
28 |
Catanduva |
35 |
36 |
|
Marília |
19 |
21 |
|
Presidente Prudente |
21 |
21 |
|
São José do Rio Preto |
34 |
36 |
|
Em industrialização |
Araraquara |
28 |
28 |
Bauru |
31 |
26 |
|
Jaú |
26 |
26 |
|
Ribeirão Preto |
18 |
33 |
|
Industrial |
Cubatão - Centro |
26 |
26 |
Cubatão - Vale do Mogi |
39 |
39 |
|
Cubatão - Vila Parisi |
82 |
68 |
|
Santo André |
29 |
27 |
|
Santos |
19 |
19 |
|
Santos - Ponta da Praia |
31 |
25 |
|
São Bernardo do Campo |
25 |
27 |
|
São Caetano do Sul |
35 |
29 |
|
Sorocaba |
25 |
24 |
|
Taboão da Serra |
28 |
27 |
|
Tatuí |
19 |
20 |
Fonte: Relatório do Ar/Cetesb