Prudente possui mais veículos do que pessoas

Conforme balanço da Semav, são 228.143 unidades para uma população de 225.271 habitantes; 58,4% referem-se a automóveis

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 20/05/2018
Horário 08:36
José Reis, Frota de veículos de Prudente excede número de habitantes, mostra balanço da Semav
José Reis, Frota de veículos de Prudente excede número de habitantes, mostra balanço da Semav

Um levantamento divulgado pela Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública) revela que a frota veicular de Presidente Prudente excede o total de habitantes. São 228.143 veículos para uma população de 225.271 pessoas, conforme estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o que resulta em uma proporção de 1,01. Os automóveis ainda respondem pela maior fatia do total, com 133.384 unidades (58,4%). De acordo com o pedagogo da pasta, Renato Gouvea, o balanço foi feito por meio do sistema Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) e considera a quantidade de emplacamentos realizados no município.

Para a diretora do Sest/Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), Cristiane Amaral, se Prudente tivesse os mesmos parâmetros da capital, este excedente poderia ser justificado pelo rodízio de veículos. No entanto, como se trata de um município com porte menor, um possível motivo é a facilidade de aquisição por meio dos financiamentos, o que permitiu que muitas famílias tivessem mais do que um veículo em suas garagens. Uma opção economicamente viável, nesse contexto, é a motocicleta, por ser de fácil estacionamento e possuir locomoção mais rápida. “O seguro de vida da moto também é mais extenso, uma vez que a incidência de acidentes graves envolvendo este veículo é maior”, expõe a representante.

Questionada se o transporte coletivo impulsionou a procura pelo individual, Cristiane argumenta que esta era uma realidade comum no passado, em função dos atrasos e horários espaçados dos ônibus, contudo, confia que, se o contrato for devidamente cumprido, o novo modelo do transporte urbano em operação na cidade pode favorecer o seu uso, considerando que é um meio de deslocamento mais econômico.

 

Agilidade é critério

Nas ruas, por outro lado, a opinião é diferente. A promotora de vendas Patrícia Nóbrega, 33 anos, acredita que as atuais condições dos ônibus, por exemplo, atrasariam seus compromissos profissionais caso dependesse deste meio de transporte. Como trabalha no setor de vendas, ela depende de um veículo rápido para cumprir o seu roteiro diário. Por esta razão, não dispensa o uso da motocicleta. “Além disso, se você colocar na ponta do lápis, o custo mensal com passagens é equivalente ao que eu gasto com o parcelamento da moto”, comenta.

O pedreiro Isaque Rodrigues de Lima, 43 anos, por sua vez, afirma que utilizaria o ônibus apenas em caso de extrema necessidade, pois prefere a agilidade do transporte individual. “Consigo chegar aos lugares que quero de forma mais rápida”, pondera. Para o prudentino, o atual trânsito de Prudente não é caótico, contudo, acredita que os usuários poderiam ser mais respeitosos. “O pessoal é apressado”, enfatiza. Já o motorista Marco Antônio Venanci, 45 anos, acredita que há, sim, episódios caóticos, sobretudo durante os horários de fluxo. Quanto à malha viária, denota que determinados trechos urbanos poderiam ser mais bem sinalizados. “A sinalização poderia ser mais específica, pois Prudente é uma cidade que recebe muita gente de fora”, avalia.

 

Números conflitantes

A frota veicular apontada pela Semav (228.143 unidades) confronta os dados disponibilizados pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Após realizar um teste de extração de dados sem nenhum tipo de filtro, o departamento constatou que a frota de Prudente, até o mês de abril, é de 168.590 veículos – muito aquém da quantidade informada pela pasta municipal.

Em termos de metodologia, o órgão comunica que os dados disponibilizados pelo Denatran são filtrados para que não sejam contabilizados os veículos “baixados, militarizados e transferidos para outro país”, bem como veículos cujo cadastro no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) acusem como tipo de veículo as informações “Não Identificado e Sem Informação”. “Ressaltamos que os veículos levados em consideração no relatório se referem somente aos emplacados em Prudente, não considerando a frota circulante do município”, pontua.

Consultada, a Prodesp esclarece que realiza o armazenamento dos dados, mas o acesso a eles só pode ser feito pelo cliente, isto é, a Semav. Esta, por sua vez, defende que também contempla apenas os veículos emplacados.

Publicidade

Veja também