Prudente contabiliza 77 casos de abuso sexual

Dados do Creas, de janeiro a abril, apontam que 67,5% dos registros são intrafamiliares, sendo a maioria das vítimas meninas

De janeiro a abril deste ano, Presidente Prudente registrou 77 casos de abuso sexual envolvendo menores - uma média de 19 por mês -, segundo o Creas (Centro de Referência Especializada de Assistência Social). Destes, 52 (67,5%) são intrafamiliares, ou seja, envolveram membros da família e 25 (32,46%) externos. Os números ainda mostram que a maioria dos alvos são meninas, que foram vítimas em 66 casos. Neste cenário, é comemorado hoje, o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Já em relação à quantidade de crianças e adolescentes atendidos pelo programa de Proteção Especial da SAS (Secretaria de Assistência Social) de Presidente Prudente, o número aumentou 31,57% em 2018, em relação ao ano passado. O projeto dá assistência para jovens de 0 a 18 anos que sofreram qualquer tipo de violência, não apenas sexual (como nos dados acima). De acordo com a titular da pasta, Luzia Fabiana Sales Macedo, são realizados por mês 250 atendimentos, enquanto que em 2017 eram 190.

A secretária salienta que o total de pessoas que recebem o suporte da Proteção Especial vem crescendo constantemente em Prudente. “A maioria do público que procura pelos nossos serviços são aquelas que ainda não estão em uma situação de violação dos direitos, porém, não é o que percebemos nesse caso. Contudo, o que tentamos possibilitar aqui é um trabalho preventivo e de fortalecimento de vínculo”, explica.

 

Possíveis caminhos

De acordo com a coordenadora do Conselho Tutelar de Prudente, Keila Oliveira, existem duas entidades especializadas no atendimento de ocorrências desta natureza. Uma delas é o Creas, que fica responsável por todo acompanhamento assistencial em casos intrafamiliares, ou seja, em que o abuso tenha sido realizado por alguém da própria família. A outra entidade responsável é o Aaveas (Ambulatório de Atendimento às Vítimas de Exposição e Abuso Sexual), que tem quatro polos espalhados pela cidade em quatro UBS (Unidades Básicas de Saúde): Santana, Vila Real, Brasil Novo e Jardim Belo Horizonte. O setor atende os casos junto ao tratamento de saúde, com equipes que contam com psicólogos, enfermeiros, pediatras e ginecologistas.

Segundo a psicóloga Karen Arabori, responsável pelas quatro equipes do Aaveas, após a chegada de um oficio do Conselho Tutelar, a família da vítima é convocada para o que chamam de acolhimento. “’É feito um atendimento por uma psicóloga junto com a assistente social, que busca compreender o que aconteceu e, com isso, encaminhar para a área adequada dentro da UBS”, explica.

Conforme ela, a vítima passa por acompanhamento com os profissionais da equipe aos quais sentir necessidade. O tratamento não tem uma idade estipulada para o atendimento e o tempo de duração varia de três a seis meses, podendo ser prolongado. “Fora isso, em algumas situações, podemos atender a família no sentido de passar orientações”, relata Karen.

Já o Creas, segundo a coordenadora Andreia Cristina da Silva Almeida, divide o acompanhamento em três categorias. O individual, familiar e coletivo. O individual é o atendimento da vítima, o familiar abrange a família e o coletivo é uma reunião com outras vítimas de abuso. “Isso é realizado por uma equipe especializada de assistentes sociais, psicólogos, orientadores sociais e advogados”. Segundo Andreia, a proposta do atendimento familiar é fortalecer os vínculos, ao passo que o individual visa reparar danos e o coletivo pretende auxiliar na construção de estratégias para o rompimento da violência. 

 

SAIBA MAIS

Como denunciar?

Segundo a coordenadora do Conselho Tutelar, Keila Oliveira, as denúncias podem ser feitas de diversas formas.

- Pelo Disque 100 (Dique direitos Humanos) que, ao constatar denúncias desta natureza, encaminham para o Conselho Tutelar.

- Procurar a própria sede do Conselho.

- Registrar um Boletim de Ocorrência junto à Polícia Civil que, ao receber a denúncia, encaminha para o Conselho. Após isso, o órgão vai tomar as medidas protetivas devidas e designar para a entidade adequada (Creas ou Aaveas).

- Outra opção é pelos telefones 3223-9125 e 3222-4430 para denúncias anônimas.

A coordenadora frisa que independente da forma que for feita a denúncia, ao solicitar o anonimato, a vítima terá sua vontade respeitada.

 

NÚMEROS

77

É o número de casos de violência sexual em PP, de janeiro a abril

 

66

É a quantidade de vítimas femininas

 

11

É o número de meninos vítimas de abuso

 

52

Registros são intrafamiliares

 

25

Casos são de violência externa

 

Fonte: Creas

Publicidade

Veja também