Proteste com seu voto

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 29/07/2018
Horário 05:55

De repente, ao navegar pelas águas nem sempre calmas nem límpidas da internet, deparo-me com canções de protesto. Uma. Duas. Três... Dez. Pensei compartilhá-las aqui neste espaço com você que gentilmente investe seu tempo nessa leitura. Confesso ter-me sentido desconectado dos que atualmente cantam o protesto —desses que marcham na contramão com sentido e rumo—. Até pesquisei algumas. Existem. Mas não me vi representado ou afinado com o que li e ouvi. Quiçá seja apenas um sintoma de adultice ou de ‘maluquice’ que vê boa produção ‘no meu tempo’, mas não no momento presente da história —como se este não fosse também o meu tempo!—.

Seria incompetência da Direita não saber protestar especialmente quando a Esquerda ocupa espaços de poder na política e na indústria cultural cerceando a expressão livre-pensar do seu meio, embora seja em nome dela que se produz? Considerei ainda a possibilidade de que hoje as coisas estejam menos claras, mais difusas... e assim não seja fácil gritar em uníssono o grito pela liberdade que nos tolhem de modos distintos o tempo todo. Não bancarei o saudosista nem o revoltadinho que precisa de pauta, frases de efeito e de gente em derredor na aglomerada multidão.

A pré-campanha eleitoral deste ano (cheiíssima de cargos a serem disputados), pelo menos naquilo que aparece, já estaria maculada. Os comentaristas (jornalistas, cientistas políticos ou afins) atiram para todos os lados, ao estilo biruta de aeroporto, seguem os ventos oportunistas dos acontecimentos. Não me parecem seguros para afirmar posturas ou sinalizar o futuro daquilo que estudam, refletem, debatem, contemplam. Tenho eliminado alguns desses que me falam apenas do acontecido (e de modo ideologicamente enviesado), mas não conseguem me fazer enxergar um palmo adiante. Seria eu muito exigente?

Das redes sociais, mantenho um filtro contra as notícias plantadas e as famosas fake news (notícias falsas). Há cerca de 50 dias deixei de atuar em grupos de WhatsApp, Facebook ou afins. Cansei de ao afirmar “a” parecer negar “b” e vice-versa. Entre oito e oitenta há setenta e duas possibilidades. Considero-as. Não poucos afirmam que esses bate-papos são manifestações saudáveis da democracia, uma praça de discussão (ou seria de bate-bocas?) da política. Capaz que seja isso mesmo. Mas sem escutar o outro? Sem considerar dados fáticos da realidade? Sem um pouco mais de leitura e visão ampliada?

Volto à pré-campanha. Mesmo os grandes meios de comunicação social, agora, deixam pegadas de para onde se inclinam. Se não de modo aberto, por meio de uma espécie de campanha difamatória deste ou daquele candidato —escolha o seu, pois tem para todos—. Pergunto como a praça de debates da internet pode favorecer o amadurecimento da democracia e da consciência política das pessoas se estas são apenas repetidoras de imagens e frases de efeito produzidas por quem tem interesse em divulgá-las. No fundo, assemelham-se a torcida de futebol. O meu time é bom. O resto é resto, não presta.

Vai-se disseminando/aprofundando o desinteresse pela política partidária. Muita gente não vota há algumas eleições (confira números do último pleito). A tendência é de aumento em abstenção, brancos e nulos. Nossa região administrativa não elege representantes para o Congresso Nacional e fica à mercê de migalhas de outros políticos que aqui vem a procura de votos. Se eu pudesse dar um conselho em vista das eleições seria: escolha alguém —de preferência de boa índole e conduta— e vote. Compareça e proteste escolhendo. Comprometa-se com a solução dos problemas do país. Não há mágica, mas aperfeiçoamento do sistema democrático que exige constante vigilância.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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