Proliferação de bichos peçonhentos e doenças revela descaso da população

EDITORIAL -

Data 04/01/2019
Horário 05:02

O número é espantoso: a quantidade de escorpiões encontrados nas casas em Presidente Prudente cresceu 45,66%, e em toda a região houve um aumento de 7,84% em acidentes registrados por animais peçonhentos, conforme dados noticiados referentes a 2018 no comparativo com 2017. O mais preocupante desses indicadores é o fato de que eles relevam a falta de consciência da população em relação aos cuidados mais simples para evitar esses animais.

As pragas urbanas se proliferam ainda mais nesse período chuvoso e quente do verão de modo que o cuidado deve ser redobrado para que doenças resultantes dessas infestações não se alastrem pela cidade. Trata-se não apenas de uma preocupação com a própria saúde, mas o bom senso necessário para se viver em comunidade. Deixar de cumprir com responsabilidades individuais, neste caso, incorre em colocar a vida de outras pessoas em risco.

Outro fator que chama a atenção é o fato de a maior parte dos casos se concentrar na zona leste da cidade. Diante disso, por ser a área mais periférica e carente da cidade, talvez fosse importante um olhar mais atento e cuidador pelo Poder Público no sentido de preservar as condições de saneamento e de serviços públicos como de limpeza, coleta de resíduos, varrição e outros.

É importante que as pessoas tenham consciência de quão necessário é que elas cuidem do ambiente em que vivem. Isso envolve produzir menos lixo, separá-lo devidamente e dispô-lo de forma correta para a sua coleta, mas também em olhar para o próximo e denunciar os casos em que os outros cidadãos não estão agindo com o mínimo necessário de civilidade.

Escolher viver em comunidade implica em um acordo tácito de respeito ao bem estar daqueles com quem coexistimos. Existem punições para as pessoas que violam algumas das “normas” éticas e morais, mas para essa atuação de desleixo e falta de assepsia a punição ainda é frágil e a fiscalização incipiente. Ainda assim, enfrentamos surtos preocupantes de doenças de fácil controle como dengue e influenza, além do surgimento de outras que até então não existiam (chikungunya e zika vírus).

O controle de zoonoses e a vigilância epidemiológica se tornaram tão importantes para a humanidade quanto acesso à água potável, tratamento de esgoto e destinação correta de resíduos. Ainda assim, a visão da sociedade e dos órgãos ainda parece míope a respeito dessas áreas. Talvez seja um pouco de medo de encarar novas responsabilidades e gargalos da sociedade moderna e urbanizada. No entanto, é sabido que ignorar um problema ou tentar saná-lo com medidas paliativas só agrava consequências que podem ter duras penas no longo prazo, de modo que cabe à população abrir os olhos para o preocupante cenário no qual nos encontramos e exigir uma solução por parte do governo e da sociedade organizada.

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